Opinião – E 2017? Como será?

09/01/2017 18:22

”Há pelo que se vê, muitos responsáveis pelo déficit da previdência social e os “gargalos terão que ser saneados, qualquer que seja a sua origem.”

Abrem-se as cortinas do tempo e nasce o ano de 2017!

O desejo generalizado é esquecer 2016.

Será possível?

Certamente, não.

Os fatos sociais trazem consigo elos de continuidade.

Os personagens não mudam, salvo pequenas exceções.

Somente o tempo, sem vínculo obrigatório com o ano-calendário, poderá determinar avanços e mudanças.

A nossa preocupação maior é o futuro do país.

Para vencer a crise atual, só há um caminho: crescimento econômico, inovação, criatividade, coesão nas metas políticas e sociais a serem atingidas.

Nada de propostas do tipo “feijão com arroz”, prato já conhecido e superado no tempo pelos avanços globais.

É preciso sonhar e ousar.

Como dizia Millôr “Viver é desenhar sem borracha!”.

Acreditar na governabilidade democrática faz acreditar na crença nos sonhos de JK, Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, Papa Francisco, Martin Luther King e tantos outros.

Será a busca de caminhos comuns para mostrar ao mundo que o Brasil é muitas vezes maior do que a crise política e econômica enfrentada no momento.

Na política ou na administração pública, sonhar é fundamental.

Quem não sonha permanece na escuridão, por somente acreditar em negócios imediatos (ou negociatas).

Esses tipos sempre relegam propostas em longo prazo, trocando-as pelo imediatismo dos lucros fáceis e inconfessáveis.

O sonho é uma forma de pragmatismo ético, por buscar a possibilidade de realizar o que parece impossível, em benefício do bem coletivo e não de grupos ou facções.

A nível nacional, o sonho da reforma da previdência é o primeiro item da pauta em 2017.

Essas mudanças não poderão ser discutidas isoladamente.

A reforma é absolutamente necessária, porém ela não pode justificar-se apenas por abusos ligados ao serviço público e ao regime atual de aposentadorias.

Isso porque, se o “gargalo” é o “rombo financeiro”, impõe-se analisar previamente e com rigor os “vazamentos” do Tesouro Nacional, na liberação de “bondades” travestidas de incentivos, juros diferenciados, desoneração, isenções… ao longo do tempo.

Nesses casos, caberá constatar se os “favores” concedidos corresponderam a lucros efetivos (sociais e econômicos), ou não.

Se corresponderem a resultados sociais comprovados, a regra será mantê-los.

Nas economias de mercado, o empreendedorismo empresarial necessita desses mecanismos, para ofertar oportunidades, empregos e gerar receita.

Do contrário, terão que ser revistos, por serem tão nocivos ao país (ou mais), quanto os salários dos marajás da República e os abusos do funcionalismo e dos aposentados.

Como admitir-se que, por exemplo, quase meio bilhão de reais usado na desoneração da previdência, reduzindo alíquotas de 20 para até 1 por cento, e o desemprego ter aumentado?

Em outras áreas como incentivos e financiamentos do BNDES, com juros diferenciados, o mesmo abuso foi constatado.

Tudo isso ficará o dito pelo não dito, e o funcionalismo público e aposentados pagarão a conta sozinhos?

Há pelo que se vê, muitos responsáveis pelo déficit da previdência social e os “gargalos terão que ser saneados, qualquer que seja a sua origem.

Estão lançadas à mesa, as cartas de 2017.

Só nos resta cantar com a Mocidade Independente de Padre Miguel:

”Sonhar não custa nada, o meu sonho é tão real. Transformar o sonho em realidade. E sonhar com o pé no chão”

Rezemos todos, a espera do que vai dá, em benefício do nosso Brasil.

 

ney lopesPor Ney Lopes – jornalista, advogado, ex-deputado federal; ex-presidente do Parlamento Latino-Americano; Procurador federal – [email protected]www.blogdoneylopes.com.br
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