Opinião – As eleições de 2018 já estão no ar, e as campanhas, nas ruas do país

31/08/2017 14:53

”A caravana de Lula tem sido mais um sucesso de imprensa do que de público. Em um de seus eventos, houve um coro dos poucos que estavam presente, chamando-o de ”Lula ladrão”

Os potenciais candidatos à Presidência da República começaram a realizar uma intensa agenda de movimentação política. Aviões cruzam o país em busca de eleitores. As eleições já estão no ar.
O ex-presidente Lula (PT), por exemplo, prestigia seu principal reduto eleitoral – o Nordeste – por meio de uma caravana pela região, mas não tem sido tão bem recebido como em outros tempos.

Em seu discurso, além da crítica ao governo Michel Temer, tem chamado atenção na movimentação do ex-presidente sua aproximação com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Lula elogiou Renan, assim como o ex-presidente da República e ex-senador José Sarney (PMDB-AP). Segundo Lula, ambos o ajudaram a governar o país. A caravana tem sido mais um sucesso de imprensa do que de público. Em um de seus eventos, além do números inexpressivo de pessoas, houve um coro dos que estavam presente, chamando-o de ”ladrão”.

Dentro da estratégia de aproximação com o chamado “PMDB do Senado”, o PT, muito provavelmente sob a orientação de Lula, revelou que gostaria que o empresário Josué Alencar (PMDB-MG), filho do falecido ex-vice-presidente José Alencar, fosse o parceiro de chapa de Lula.

Lula também realizou movimentos, embora sem sucesso, em direção ao PSB. Foi divulgado que o ex-presidente gostaria de ter o atual governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), como seu vice. Porém, como Câmara pode disputar a reeleição em 2018, é pouco provável que abra mão de uma nova disputa ao Palácio das Princesas para ser candidato a vice.

No PSDB, os dois candidatos em potencial ao Palácio do Planalto – o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito da capital, João Doria – optam por estratégias distintas.

Alckmin, que na semana passada assumiu publicamente em um post no Twitter que deseja concorrer à Presidência, fortalece sua aliança com o presidente interino do PSDB, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Seu objetivo é assumir o controle da executiva nacional tucana, instância fundamental para a definição do candidato do partido ao Executivo em 2018.

Doria tenta se consolidar como “anti-Lula”, criticando fortemente o ex-presidente. Ele também utiliza com bastante eficiência as redes sociais, nas quais registra em tempo real sua atuação como prefeito e aparece trabalhando nas obras da prefeitura. A intenção é reforçar o slogan que fez sucesso na campanha eleitoral do ano passado: “João Trabalhador”. Utilizando com inteligência as redes sociais e colocando-se como o antagonista de Lula, João Doria mostra uma estratégia mais consistente do que a de Alckmin.

Também pré-candidato ao Planalto, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) esteve em Porto Alegre, onde participou da inauguração de uma nova placa com a carta-testamento do ex-presidente Getúlio Vargas, no dia 24 de agosto, data em que o suicídio do líder trabalhista completou 63 anos. Ciro tem realizado um discurso à esquerda, visando atrair o eleitorado desiludido com o PT. No entanto, suas aparições revelam um político de ideias e narrativa envelhecidas. Terá que mudar muito para ser realmente um competidor forte.

O deputado federal Jair Bolsonaro (Patriotas-RJ), que nas pesquisas de opinião desponta em segundo lugar, sendo superado apenas por Lula, está preparando um roteiro de debates nos Estados Unidos para promover seu nome. A estratégia, segundo reportagem publicada pela “Folha de S.Paulo”, na última sexta-feira (25), é direcionar sua mensagem a investidores, analistas e eleitores brasileiros. É um movimento interessante. Mas que poderá resultar em debates em terrenos em que ele não tem muito conhecimento. Talvez, para o movimento de se criar a figura de Bolsonaro confiável para os mercados, ainda seja cedo.

 

Por Murillo Aragão

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