Opinião – Os pobres ricos

07/05/2018 07:29

”Vejam que só citei sociedades educadas e de bom nível econômico – estão fora os “furtos famélicos” praticados em comunidades miseráveis. No entanto, os números e exemplos chocam!”

Aconteceu lá nos EUA: a professora Angela Strube foi presa por furtar o dinheiro da merenda de seus alunos. Enquanto isso, com US$ 2.700 no bolso, um cidadão de nome Robert Mitchell foi preso por furtar de dada loja uma lata de sardinhas que custava US$ 1,98. A propósito, li que naquele país a cada 90 segundos um carrinho de supermercado é furtado. Aliás, furtos em estabelecimentos comerciais respondem por quase metade dos crimes lá cometidos – representando um prejuízo para a economia estimado em US$ 30 bilhões a cada ano.

Do outro lado do Oceano Atlântico, na sisuda Alemanha, autoridades policiais divulgaram a ocorrência de 391.000 casos de furtos praticados em lojas ao longo de 2014, totalizando US$ 2,4 bilhões em prejuízos. Apurou-se, segundo as autoridades, que este é o perfil médio dos culpados: “crianças, adultos, idosos ou quem você quiser”.

No Reino Unido, inicio pelo caso de David Davies. Aos 68 anos de idade, este senhor teve um ataque cardíaco. Foi carregado às pressas para um hospital. Enquanto as equipes de emergência tentavam ressuscitá-lo, seu relógio foi furtado! Vem daquele país, também, o caso de Harry Hankinson, sentenciado a 16 meses de prisão após ter cometido seu furto de número 521! Sim, foram 521 furtos cometidos em estabelecimentos os mais diversos. Há também o registro de duas crianças de três anos de idade surpreendidas furtando em lojas – uma prática que, no total, sangra a economia em robustos US$ 4 bilhões a cada ano.

Na Noruega, o padre John Olav Hodne teve sua carteira e celular furtados dentro da igreja de Melhus, enquanto lá realizava uma missa. Algo parecido aconteceu em Portugal, onde uma jovem fiel foi surpreendida afanando a caixa de doações de uma igreja. Em outro templo, no Japão, a vítima foi uma imagem de Buda. Na Bulgária furtaram um banheiro de uma rodovia – enquanto que na Rússia carregaram toda a pavimentação de outra. Na Turquia, uma ponte inteira. Na Jamaica, toda uma praia.

Vejam que só citei sociedades educadas e de bom nível econômico – estão fora os “furtos famélicos” praticados em comunidades miseráveis. No entanto, os números e exemplos chocam! Como explicá-los, em um mundo no qual é politicamente correto dizer-se que “o crime é fruto da pobreza”? Sim, como explicá-los diante destes pobre ricos?

 

 

Por Pedro Valls Feu Rosa é desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo.

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