30/07/2018 11:26
Um avaliação do presidente de entidade, com base nos projetos de usinas que estão em andamento no Brasil, o potencial de etanol de milho será de 3 bilhões de litros em cinco anos
A produção brasileira de etanol de milho deve saltar dos atuais níveis, entre 600 milhões e 700 milhões de litros por ano, para algo entre 3 bilhões e 3,5 bilhões de litros em cinco anos. É o que afirma Ricardo Tomczyk, presidente da União Nacional de Etanol de Milho (Unem). O cálculo considera os projetos de usinas com perspectiva de concretização no período.
“Entre projetos em construção e sendo licenciados, temos 15 plantas. A maioria em Mato Grosso, algumas em Goiás. São muitos e a tendência é de crescimento rápido”, disse ele, durante o Global Agribusiness Fórum (GAF), em São Paulo (SP).
O presidente da Unem acredita que o atual cenário é positivo para a produção de etanol de milho. Mesmo considerando que a oferta de matéria prima é menor, por conta da redução da safra do cereal no ciclo agrícola 2017/2018. Segundo ele, ainda há bastante grão disponível para processamento nas usinas e o combustível está remunerando o produtor.
“O mercado de etanol está bem precificado e as margens são muito boas. Não há um impacto significativo que pressione a ponto de complicar o cenário”, avalia Tomczyk, acrescentando que, no cenário atual, o etanol tem sido viável mesmo com a saca do milho variando entre R$ 35 e R$ 38.
Tomczyk explica ainda que o fato do consumo de etanol de milho ainda ser “regionalizado” ajuda a estabilizar os preços. Segundo ele, a estratégia inicial das usinas é abastecer o norte e nordeste do Brasil, concorrendo com o etanol importado dos Estados Unidos, que também usa milho.
“A grande produção tende a ser no Centro-Oeste, pela disponibilidade e preço da matéria-prima, especialmente em Mato Grosso. Primeiro vamos incomodar os americanos, depois, em um segundo momento, a indústria tradicional aqui do Centro-Sul”, afirmou.
Preços de combustíveis
Questionado sobre os rumos da política de preços de combustíveis, que foi discutida em função das manifestações de caminhoneiros pelo Brasil, avalia que não deve haver mudança, pelo menos no que ele chama de “conceito”. Para Ricardo Tomczyk, está correta a metodologia de atrelar os preços à paridade internacional e à taxa de câmbio.
Ele considera, no entanto, que pode haver “correções”, especialmente de ordem tributária. Sugere, por exemplo, que os impostos variem de forma inversa aos preços dos combustíveis. Quando o valor aumenta, a alíquota diminui e vice-versa. Ricardo Tomczyk acredita que, desta forma, o efeito das variações seria menor sobre o mercado.
“Minimizar as flutuações de cotação pela parte tributária, com ajustes de maneira que a alíquota seja flutuante. Sobe o preço do combustível, desce o imposto e não ha prejuízo na arrecadação porque você arrecada menos sobre uma base maior. O caminho inverso também é verdadeiro”, avaliou.
Sobre a periodicidade dessas alterações, Ricardo Tomczyk evitou dizer qual seria a ideal. Disse apenas que é uma questão a ser resolvida pela equipe econômica do governo.
Da Redação com informações da Agência Reuters e Globo Rural