Opinião – Campanhas de Meirelles e de Marina, sem apelo, vão patinar até o fim

18/09/2018 11:47

”O eleitor não gosta de quem vive em cima do muro, quer ação e coragem do seu líder. E Marina, infelizmente, mostra-se muito frágil e vulnerável às tormentas”

A campanha do Meirelles se destaca pela edição bem elaborada e por um slogan interessante, o “Chame o Meirelles”. Mas, infelizmente, essas qualidades não vão levar o candidato a lugar nenhum enquanto seus estrategistas não entenderem que a imagem de banqueiro não atrai eleitor, escorchados por juros altos e com milhares deles com os nomes sujos no Serasa. Meirelles diz em sua propaganda que os banqueiros internacionais, o Lula – que está em cana, a Dilma, expulsa do Planalto, e o Temer, envolvido em crimes de lavagem de dinheiro e corrupção – também o chamaram, o que de certa forma o envolve com toda essa corja.

O slogan do banqueiro até seria uma coisa genial se o Meirelles tivesse sido chamado pelos eleitores para resolver problemas que afetam diretamente às famílias brasileiras: segurança, saúde, educação, violência, habitação, emprego, etc. etc. Ao ser chamado pelos poderosos para resolver problemas de governo corruptos, administrar bancos e alimentar as bolsas de valores, aliadas do perverso sistema financeiro, não me parece uma boa estratégia eleitoral. Ao dizer que gasta do próprio bolso na sua campanha, Meirelles omite que isso ocorre porque o MDB, seu partido, não quis bancar os seus custos por não acreditar na sua performance como candidato.

O ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda trabalha nos seus programas com o que existe de mais cruel para o eleitor: a cumplicidade com o sistema financeiro, a selvageria do capital em detrimento da produção. É incapaz de apresentar uma proposta social. Fala seguidamente em nome do Lula, em geração de emprego, e no do Temer para dizer que socorreu a economia destroçada pela Dilma. Enquanto isso, Ciro, malandramente, diz que vai tirar mais de 60 milhões pessoas pendurados no Serasa, numa proposta demagógica, mas de efeito eleitoreiro que atinge diretamente o devedor inadimplente.

A pouco mais de quinze dias para acabarem os programas, existe uma certeza: Meirelles, não vai crescer. Ele não interage com o povo, ignora as propostas sociais e faz uma campanha elitista. “Chame o Meirelles” é o slogan mais criativo de todas as campanhas que estão aí, mas deveria vir precedido de um bom jingle que atraísse o eleitor para a marca e de uma boa plataforma de governo. O slogan, apenas isolado, sem uma estratégia de campanha vai pegar como o de uma campanha de consumo como “Não é nenhuma Brastemp” ou “No Posto Ipiranga”. Mas, evidentemente, essas são marcas de produtos, quando aplicadas a um candidato, elas precisam ser politizadas, reforçadas por uma estratégia política.

Mas não é só o Meirelles que está virando um produto nas mãos de alguns publicitários sem experiência em campanhas eleitorais. Quando você vê, por exemplo, a Marina arrastar um banco, sentar, e dizer que não, não “sou corrupta”, dar uma vontade enorme de rir. Para o iluminado que criou a peça, ela vai para coleção dos seus maiores feitos, mas para o eleitor, preocupado em conhecer as propostas das ações da candidata, isso não quer dizer absolutamente nada.

A queda de Marina nas pesquisas deve-se a vários fatores. Mas o principal deles foi a sua entrevista na TV Globo quando encerrou o minuto final dizendo ser preta, ex-empregada doméstica e seringueira, apelos que não sensibilizam ninguém. Se ela pensava em atrair a multidão de eleitores pobres do país para sua campanha o tiro saiu pela culatra. O eleitor, está provado, não gosta de candidato que revela seu passado humilde e pobre. E nem daquele que demonstra fragilidade, caso dela.

O eleitor gosta de ser liderado, protegido. Esta é, certamente, a fórmula do Lula que fala ter sido retirante para atrair os votos nordestinos, mas tem no seu currículo uma retórica de defender os descamisados. Que atrai os seu seguidores para a segurança do seu colo.

Marina não se preocupou com a sua pré-campanha. Enquanto, a polícia e o Ministério Público prendiam corruptos em todos os cantos do país, ela permaneceu em profundo silêncio, achando que a omissão iria preservá-la no futuro. Enganou-se. O eleitor não gosta de quem vive em cima do muro, quer ação e coragem do seu líder. E Marina, infelizmente, mostra-se muito frágil e vulnerável às tormentas. Não deve chegar lá, depois da expressiva queda nas pesquisas do Ibope numa eleição que já se aproxima do fim.

 

 

Por Jorge Oliveira

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