Vice de Alckmin, mostra tendência em apoiar Bolsonaro em eventual, 2º turno

27/09/2018 19:06

”O alvo não é Bolsonaro e eu não apoiaria PT no 2º turno; A fragilidade de alianças marca essas eleições; Defendo no meu discurso o foco de chapa no voto feminino”, diz Ana Amélia

A candidata a vice-presidente na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB), Ana Amélia Lemos, diverge de sua campanha nos ataques concentrados em Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), líderes nas pesquisas de intenção de voto. “Eu entendo que o nosso inimigo é o PT”, disse.

“Esse processo de destruição do adversário, eu acho que não é o caminho ideal, mas os especialistas em marketing político [acham]”, disse.

“Os tempos são outros e os tempos são dessa forma, de agredir, de atacar”, diz a senadora do PP. A sua chapa tem adotado uma nova estratégia de atacar mais duramente o PT e Bolsonaro em propagandas na TV. “Eu prefiro a fórmula não da agressão, mas do convencimento”, disse.

A última propaganda da chapa manteve o tom duro contra Bolsonaro, mas Ana Amélia optou por rechaçar a possibilidade de apoiar Haddad em 1 eventual 2º turno. “Logo eu, uma das maiores defensoras do impeachment, ia querer o partido da Dilma de volta?”, disse Ana Amélia na peça veiculada na TV.

A senadora não afirma se tomaria posição ou se manteria neutra em 1 eventual 2º turno entre Bolsonaro e Haddad, mas afirma categoricamente que não estará com o PT. “Cada dia com sua agonia. Vamos ver o que vai acontecer, mas eu não estarei com Fernando Haddad”, disse.

TRAIÇÕES

Ana Amélia diz que a marca das eleições de 2018 será a fragilidade das alianças. Sua chapa foi alvo de uma série de traições dos partidos coligados –a maior coligação deste pleito, formada por 8 partidos, além do PSDB.

A senadora, entretanto, nega que o Centrão ou o seu partido, o PP, sejam os maiores vilões neste quesito. “Isso acontece nos outros Estados, no próprio PSDB, partido do Alckmin. Olha São Paulo.”

As traições do PP ganharam destaque depois de o presidente da legenda, Ciro Nogueira, ter declaro voto no PT. Nogueira busca sua reeleição como senador pelo Piauí e faz parte da coligação petista no Estado, que atualmente domina a preferência de voto dos eleitores para todos os cargos.

Uma baixa envolvendo a própria Ana Amélia foi a declaração de ruptura no apoio a sua chapa no PP gaúcho. O deputado Luiz Carlos Heinze, que concorre ao Senado, declarou apoio a Bolsonaro semanas depois de Ana Amélia ter aceitado o convite para compor a chapa com Alckmin.

A senadora disse interpretar o movimento como parte “da sobrevivência política”. “Cada 1 está fazendo para sua própria sobrevivência. E aí está o grande risco de comprometer, por 1 interesse individual, o sistema em si”, diz.

Questionada sobre o “Bolsodoria”, movimento de apoiadores do candidato ao governo de São Paulo, João Doria, de apoiar Jair Bolsonaro (PSL) para a Presidência. “É, por isso que eu falei, é do partido dele, não é do meu partido”, disse.

CAMPANHA

Questionada sobre a marca Alckmin empregou em sua campanha, afirmou que as propostas são muitas, principalmente apresentando seus resultados em São Paulo, mas não houve uma estratégia para deixar uma marca. “Ele deixou de ter 1 selo, não é uma marca para visibilizar como protagonista disso”, disse.

A senadora defende que sua chapa foque no voto feminino para catapultar Alckmin nas pesquisas. Atualmente, o tucano está lutando para se posicionar no 2º pelotão, que está descolado da liderança de Bolsonaro e Haddad.

DataPoder360 realizado em 22 e 23 de setembro apontou outra fragilidade da campanha tucana: entre os eleitores que dizem que votariam em Alckmin, 25% afirmam que podem mudar de ideia até o dia das eleições.

“Eu acho que sobretudo, o que está acontecendo, é uma exaustão do eleitor com o sistema que vivemos até agora”, disse Ana Amélia.

Para os próximos 10 dias de campanha, Ana Amélia afirma que a fidelização desses eleitores que ainda não estão certos sobre o voto na chapa tucana dependerá da comunicação com o eleitor, mas a senadora não demonstra otimismo. “É uma negação, uma falência muito clara do sistema político. Para mudar esse quadro não vai ser uma tarefa fácil, porque o fundo partidário foi criado para manter as coisas do jeito que está.”

Assista a íntegra da entrevista:

 

 

Da Redação com informações do site Poder360