Opinião – Mão firme, bom senso e razão de Estado: Salve, Amélia

25/10/2018 13:44

”Podem atuar também substantivamente na retaguarda diplomática do Ministério, porque são, em sua maioria, competentes para tal”

A Senadora Ana Amélia estaria sendo cotada para assumir o Ministério das Relações Exteriores em eventual governo de Jair Bolsonaro. Não poderia haver notícia melhor para o Itamaraty e o Brasil e, claro, para o governo do novo Presidente. Firme, ponderada, culta, brasileira na alma, Ana Amélia é uma estrela de luz no Senado Federal.

Como membro da Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Senado conhece centenas de diplomatas, já por ela sabatinados, na Comissão e tem intimidade com os temas da política internacional e da diplomacia brasileira. Sabe da urgência do soerguimento da Casa de Rio Branco aos patamares de excelência que já teve no passado. Sabe da necessidade premente de assegurar uma ofensiva diplomática do Brasil para impedir o encurralamento do país no xadrez internacional, que visa dar um xeque mate em todos os pretendentes à primeira fila da cena internacional.

Mais: como autoridade isenta não permitirá desta vez a ocupação do Ministério por patotinhas ligadas a partidos políticos ou outros movimentos sociais da moda. Se bem que será logo cercada, se vier a assumir, pelos mesmos espécimes camaleônicos de sempre.

Mais: o chanceler do Brasil tem que ter acesso direto e permanente ao Presidente da República e deve contar com o seu apoio imprescindível para a destinação e liberação efetiva de verbas que permitam ao Brasil atuar no mesmo patamar das potências que pretendem nos escravizar ou marginalizar ao limbo da irrelevância mundial. Não podemos passar a tenebrosa vergonha que nos foi imposta no Governo de Dilma Roussef e que Michel Temer e Aloysio Nunes Ferreira tentaram consertar. Este é o momento. Esta é a oportunidade.

E Ana Amélia seria a pessoa certa no lugar certo.

Forças Armadas, Serviço de Inteligência e Diplomacia são os instrumentos necessários para a projeção do Poder Nacional e da Defesa do Estado e da Nação. Não são brincadeiras político-partidárias e tampouco assuntos negociáveis. Não se pode terceirizar o futuro nuclear brasileiro com empreiteiras.

A construção de submarinos nucleares  e a fabricação de mísseis foram delegadas à iniciativa privada, leia-se Odebrecht- Odebrecht Defense and Technology-, na era petista. Deve voltar ao Estado. Nada contra empresas privadas, mas o controle e a diretriz estratégica tem que estar nas mãos das Forças Armadas, sempre. Institucionalmente.

No Itamaraty o que importa, no momento, de imediato, é uma reforma interna que traga racionalidade e justiça para todos os abnegados membros do Serviço Exterior do Brasil, com as exceções dos privilegiados de sempre. Justiça nas promoções e nas remoções com alternâncias de postos de luxo e de sacrifícios para todos. Atender às pautas justas dos oficiais e assistentes de chancelaria que prestaram concursos públicos de alto grau de sofisticação e rigor intelectual. Harmonizar a convivência profissional entre a carreira dos diplomatas e essas carreiras importantíssimas do Serviço Exterior, tradicionalmente relegadas ao mero papel de apoio administrativo. Podem muito mais. Podem atuar também substantivamente na retaguarda diplomática do Ministério, porque são, em sua maioria, competentes para tal.

Não sabemos se Ana Amélia será realmente convidada para o posto de chanceler do Brasil, mas, se for, salve, Amélia.

 

 

 

Por Miguel Gustavo de Paiva Torres é diplomata.

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