08/11/2018 11:37
”Os bandidos, “vítimas da sociedade”, teriam o direito de andar armados de fuzis, para, interpretando Sílvia Ramos, exercer a autodefesa contra os agentes do Estado”
Assisti a dois vídeos que me deixaram impressionados: 1) entrevista com Sílvia Ramos, cientista política carioca, na qual ela declara que os bandidos se armam de fuzis por causa da Polícia, que usa a mesma arma; 2) repórter de Salvador censurando policial militar de Alagoas que reagiu a assalto, na Lagoa do Abaeté, e matou os criminosos.
O repórter diz que o policial agiu muito mal, devia ter procurado fugir ou outra forma de defesa, antes de atirar, como se a vítima pudesse combinar algo com o agressor.
Algumas pessoas, anestesiadas por massificação de ideias contrárias à lei e à ordem, passaram a torcer pelo bandido. Nos filmes brasileiros, ao contrário dos norte-americanos, os policiais são quase sempre ridicularizados, aparecem malvestidos, com correntões pendurados no pescoço e camisa aberta, gravata torta e curta, pés em cima das mesas e palito na boca.
Os bandidos, “vítimas da sociedade”, teriam o direito de andar armados de fuzis, para, interpretando Sílvia Ramos, exercer a autodefesa contra os agentes do Estado.
O inimigo é o Estado-burguês, que deve ser destruído para ser erguida em seu lugar a ditadura do proletariado, certamente com o Comando Vermelho à frente do exército revolucionário.
Na mesma trincheira de Sílvia, o jornalista retira ao policial militar alagoano o direito à autodefesa, quando diz que ele não podia atirar nos bandidos que tentaram lhe assaltar a mão armada.
O desespero deles é saber que não nos enganam mais.
Por Miguel Lucena é Delegado de Polícia Civil do DF, jornalista e escritor