Opinião – Quando janeiro vier

14/11/2018 12:42

”Está na agricultura, mais que na indústria, a locomotiva que levará o Brasil ao nível de uma nação rica. E estão com o presidente eleito a régua e o compasso para fazê-lo”

Quando janeiro vier, exatamente a partir do dia 1º, em que o Brasil festeja a Fraternidade Universal (mística instituída em lei proposta pelo presidente Vargas), o país vai ganhar uma nova esperança, energias se renovarão, e o futuro próximo se mostrará ao brasileiro.

Quando janeiro vier, nossa autoridade máxima começará a dizer ao que veio, e o sortilégio de sua impensável alçada à curul presidencial se revelará concretamente em nomes, meios e modos de nos garantir, a todos, a segurança com que sonhamos, a saúde de que imperiosamente precisamos, a educação de que carece de amplitude, reformas e recursos, uma infraestrutura que assegure estradas e vias para o desenvolvimento, o tratamento adequado e inadiável para o esgoto que corre a céu aberto e mazelas outras ardorosamente denunciadas em campanha.

É verdade que estas incumbências que o povo penhorou ao candidato eleito se contém em sua plataforma eleitoral, como também figurou nas dos demais concorrentes. Por isso, quando janeiro vier, será o encontro de nossas esperanças com a materialização das propostas que animaram os eleitores a decidir pelo nome vitorioso. E o Brasil estará alerta e disposto à cobrança das promessas, na medida em que avançamos neste terceiro milênio.

Acima de todos os compromissos assumidos, um deles é imaterial, porém, consideravelmente ansiado, extraordinariamente rico, e que será o pilar para o futuro: o resgate rigoroso da moralidade administrativa, norte da Constituição Federal.

A Constituição de Ulisses e de outros cavaleiros da moralidade patrioticamente realçaram este atributo natural da cidadania como o esteio da vida econômica, política e social em letras graúdas e expressas, porque nosso povo ainda não entendia, como hoje muitos ainda não entendem, que uma nação que despreza a moralidade, que não a cultiva ou a banaliza não é uma nação destinada a uma ordem social pacífica. O desenvolvimento, como todos o querem, como traço singular de uma nação que multiplica oportunidades, só se fertiliza no solo rico da moralidade. Mas é verdade também o enunciado de Brecht em que acentua a primazia do estômago sobre a moral. Pois, quem pode produzir, trabalhar, render sem a alimentação proporcional e adequada ? O Brasil é país onde Deus caprichou na criação. Tanta luz, tanta água, tanta terra ! É aqui, com tais farturas, que devia predominar uma agricultura sempre em expansão. Temos todos os ingredientes necessários à melhor colheita, mas subaproveitamos estas condições. Precisamos potencializar esta riqueza. O governo haveria de encaminhar para os produtores (grandes e pequenos) diretrizes de fomento e estímulo para responder às ofertas que o campo e o homem podem nos proporcionar. Uma agricultura forte para uma nação forte. Está na agricultura, mais que na indústria, a locomotiva que levará o Brasil ao nível de uma nação rica. E estão com o presidente eleito a régua e o compasso para fazê-lo. O país mostrou que o apoia. O resto é com ele. Certamente muitos leitores, contudo, se perguntam sobre as urgências que se erguem como exigências da sociedade, e por ela reclamam a verdade: que os primeiros passos se dirijam ao BNDES para apuração rasa e completa das benesses concedidas pelo banco a pessoas e instituições, inclusive a nações estrangeiras, e, com igual rigor, inteire-se das concessões acobertadas pela lei Rouanet, que mais representaram privilégios do que iniciativas culturais.

 

 

 

 

Por José Maria Couto Moreira é advogado.

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