Opinião -A catástrofe humana e a omissão da mídia e dos intelectuais

25/05/2019 16:32

”Os homens e mulheres que têm acesso aos meios de comunicação parecem não perceber a realidade e se dedicam a comentar as superficialidades do momento”

Os cientistas sociais não se pronunciam, a maioria dos políticos muito menos, as Igrejas Cristãs históricas estão silenciosas, a mídia desconhece a gravidade do assunto.

Não haverá empregos para todos, por maiores que sejam os investimentos. No Brasil, com o atual numero de desempregados, desalentados e subempregados, cerca de 27 milhões de pessoas, apenas escassos milhões poderão vir a ser empregados caso tudo o que seja necessário ser feito aconteça – um milagre de bom tamanho…

Por que escondem o óbvio de uma população crédula que espera, um dia, ter seu emprego? Um desrespeito.

É evidente que outra forma de sociedade precisa ser construída com fundamento na solidariedade, virtude que deve presidir as relações livres e justas entre as pessoas e os povos.

Com as progressivas novidades da tecnologia – inteligência artificial, machine learnig e robôs – com o individualismo egoísta e a ganancia pelo poder presidindo a vida das sociedades, não há como gerar os milhões de empregos necessários: – a miséria e os desníveis na distribuição da renda aumentarão, resultando em crescentes níveis de tensão social.

Não estou me referindo à utopia do “pleno emprego”, mas a possibilidade de se propiciar, pelo menos, uma “pobreza digna” para a atual maioria dos pobres e miseráveis.

Com esta nossa displicente maneira de pensar e conviver, somada às consequências da deterioração ambiental, estamos construindo as pré-condições de uma imensa e incontrolável catástrofe humana.

Os homens e mulheres que têm acesso aos meios de comunicação parecem não perceber a realidade e se dedicam a comentar as superficialidades do momento. Beira a irresponsabilidade histórica tal atitude de não informar sobre o fato social mais importante que se desenrola sob nossos olhos. A imprensa e a televisão ainda são mais eficientes, para informar e esclarecer, do que o Facebook. É necessário transmitir um alerta global para o assunto da mais alta relevância e urgência para o futuro do nosso país e da humanidade, alertando a população e convidando para a reflexão e ação.

 

 

 

 

Por Eurico de Andrade Neves Borba, 78, aposentado, ex professor da PUC Rio e ex Presidente do IBGE

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