Opinião – A falência da ONU

01/12/2019 00:03

”É preciso esclarecer que a ONU terceiromundista não está falida apenas financeiramente. Está também falida política, diplomática e moralmente”

Alegando que passa por grave crise orçamentária há mais de dez anos, a ONU enviou carta ao Brasil e a outros países que não estão em dia com as suas contribuições de praxe. A organização, que historicamente ambiciona o poder global, faz um apelo dramático para que os Estados membros honrem as respectivas dívidas. Na carta-circular, assinada pelo Secretário-geral, o socialista português Antonio Guterres, informa-se que a “incerteza financeira” ameaça a capacidade de o famigerado organismo dar continuidade a ações programadas. E cita, pressurosa, entre outros pontos, a impossibilidade de “manter as missões de paz, a realização de viagens oficiais, a promoção de eventos e até o pagamento do seu vasto quadro burocrático e do seu corpo diplomático”.

Enfim, o secretário-geral das Nações Unidas abre o jogo: “Está se exacerbando uma situação já difícil. Os mecanismos de liquidez estão falhando conosco. Se não tivéssemos contido despesas globalmente desde o início deste ano – ajustando contratações e adiando despesas – não teríamos liquidez para apoiar a abertura da Assembléia Geral”.

De fato, o orçamento da ONU permanece uma caixa-preta. Para uns, os gastos transcendem a casa de US$40 bilhões anuais. Para outros, devido às “contribuições extras”, ultrapassa a cifra de US$50 bilhões. De todo modo, há quem garanta que 1/3 desse ervanário é torrado com a elevada folha de pagamento de mais de 100 mil burocratas, entre eles, assessores, sofisticados diplomatas terceiromundistas, membros do alto-comissariado e aspones temporários.

O leguleio da ONU – além do calote de inúmeros países subdesenvolvidos, do jogo mole de Estados membros emergentes que retardam suas quitações e ainda de países ricos que se recusam a ampliar o valor de suas cotas – advém da decisão de Donald Trump em reduzir parte da contribuição dos Estados Unidos, correspondente a 22% do orçamento total da organização. Indignado com os gastos incontroláveis e os escassos resultados, o presidente americano comparou a ONU – que tem sede em New York custeada pelo governo do Tio Sam – a um “clube de férias”.

Assim, pensando no bolso do contribuinte, Trump cortou parte da grana destinada às chamadas “missões de paz” que, em geral, não estabelecem paz alguma, muito menos em áreas adversas aos EUA.

Segundo especialista da setor econômica, o Brasil deve à ONU cerca de R$592 milhões (afora o pendura de R$4,5 bilhões deixados pela dupla Lula/Dilma aos demais organismos internacionais). Então, a pergunta que se impõe é a seguinte: por qual razão o governo brasileiro iria deixar de investir no Brasil, saturado de problemas econômicos de toda ordem, para manter numa boa a inútil e dispendiosa diplomacia globalista da ONU?

Façamos um retrospecto: a ONU foi criada em 28 de de julho de 1945 em San Francisco, nos Estados Unidos, no crepúsculo da 2ª Guerra Mundial, com a aprovação de uma Carta cujos objetivos, nada desprezíveis, eram os de manter a paz entre os povos, controlar a proliferação de armas nucleares, resolver querelas entre nações, fomentar o desenvolvimento, a cooperação e os direitos humanos etc. etc., além de se empenhar, em âmbito planetário, nas tarefas de combater o analfabetismo, a fome e as doenças em geral. À época, cerca de 50 países assinaram a Carta, entre eles, o Brasil.

(Nota: a ONU é substituta da tristemente célebre Liga das Nações, fundada com os mesmos objetivos em 1920, em Genebra, Suíça, logo após a 1ª Guerra Mundial. A Liga começou a desmoronar, sem choro nem vela, quando os soviéticos, “manu militari”, invadiram brutalmente a Finlândia, em 1939).

No final dos anos 1990, andei fuçando corredores e departamentos da ONU à procura de dados sobre a fome no mundo. Vi de perto o gigantesco edifício, na Praça das Nações Unidas, com seus burocratas encasacados e pretensiosos, fios, elevadores e telefones enguiçados. Já circulava a notícia de que a ONU atravessava crise financeira, por hipertrofia, com débitos de bilhões de dólares. Em paralelo, corria o escândalo de Kojo Anann, filho de Kofi Annan, Secretário-geral da ONU, que recebera propina de U$$150 mil dólares da Cotecna Inspection Services, uma empresa suíça ligada ao ramo de petróleo.

Disse acima que a ONU era ambiciosa. Mas fica só na ambição e no espantoso número de agências e penduricalhos que mantém em várias partes do mundo para enfrentar larga soma de problemas, mas que nem de perto divisa inteiramente, pois sendo uma espécie de Midas às avessas, onde coloca a gigantesca mão burocrática, complica.

De fato, visto com vagar, nenhum problema humano substancial foi solucionado pela ONU: guerras, fome, pestes ou o que se possa imaginar em matéria de miséria, proliferam em escala ascendente no mundo, independente da vontade da matrona. Desconfio que se o dinheiro gasto com a ONU e sua vasta burocracia fosse repassado diretamente aos necessitados, teríamos hoje um quadro mundial bem menos indigesto.

No momento, empenhados em impor uma agenda globalista, os ativistas da ONU repassam aos Estados membros e suas ONGs endinheiradas a subversiva parolagem “politicamente correta”. Dia e noite, o mamute procura pautar a cabeça da opinião pública com o trololó do casamento gay, do “aquecimento global”, do regime das cotas raciais, da descriminalização do uso da droga etc – tudo para formar o “consenso global” tramado pelo apóstolo do comunismo Antonio Gramsci.

Assim, é preciso esclarecer que a ONU terceiromundista não está falida apenas financeiramente. Está também falida política, diplomática e moralmente. A rigor, desde o massacre de Ruanda em 1994, com suas 800 mil mortes desassistidas, a boa consciência humana não a leva mais a sério.

Em suma, dar dinheiro à ONU é ato tão despropositado como acender o cigarro na chama de um círio.

PS 1 – As preconcebidas maldades que a Globo (conhecida pela alcunha de “Globolixo”) vem amontoando contra Jair Bolsonaro já seriam motivo suficiente para se cassar a concessão pública do sinal da emissora dos bilionários irmãos Marinho.

Brizola, aliás, na campanha presidencial de 1989, chegou a afirmar que essa seria a sua primeira medida caso chegasse à Presidência da República.

 

 

 

Por Ipojuca Pontes

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