17/03/2020 00:04
”A extrema dificuldade de descobrir quem possua preparação suficiente para preencher vagas atinge muitos setores da economia”
A maior arma, involuntária, que o operariado brasileiro tem nas disputas com a classe empresarial é sua baixa produtividade. Mais grave ainda, a grande tragédia é a hipótese de que a economia brasileira esteja se acomodando a um padrão de baixo nível de mão de obra que não tem como ser resolvido pela pressão do mercado.
Hoje vivemos a denúncia de que o desenvolvimento econômico do Brasil, nesse momento de retomada, deve ser sabotado pela má formação técnica de seus trabalhadores. A estrutura oficial de educação não dá conta de abastecer o mercado de profissionais bens treinados. A sociedade socorre-se da ajuda do serviço social do empresariado através do Sistema S.
Órgãos como o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC – têm uma capacidade extraordinária de sucesso. Em Brasília, por exemplo, enquanto o governo disponibiliza 10 mil vagas de ensino profissionalizante, o Senac registra 7 mil matrículas comprovadas. Esse é um patrimônio que, em nome do desenvolvimento industrial e do comércio, a sociedade deve lutar para que o governo preserve.
Precisamos avaliar números relevantes. Pode não ter havido uma explosão meteórica chinesa. Mas o fato é que a economia brasileira teve nos últimos dez anos o maior crescimento desde 1970. As empresas investiram, cresceram, e consequentemente precisaram de mais trabalhadores. Em oito anos, até 2010, o Brasil criou quase 18 milhões de empregos com carteira assinada, um aumento de 68%.
Acontece que já carregávamos o ovo da serpente: metade dos trabalhadores brasileiro não completou nem o ensino fundamental. Muito menos, uma boa formação técnica.
A extrema dificuldade de descobrir quem possua preparação suficiente para preencher vagas atinge muitos setores da economia. É o apagão de mão de obra qualificada.
Como bem ensina nosso bom mestre José Pastore, mestre da USP, “no Brasil formou-se um desencontro. Um enorme desencontro entre a escola e o trabalho. Que é um descompasso que afeta o crescimento do país”.
Por Francisco Maia é presidente do Sistema Fecomércio-DF (Fecomércio, Sesc, Senac e Instituto Fecomércio).