Opinião – Muito medo, pouca vergonha

17/03/2020 00:03

”Com certeza que, se a adoção dos Atos Institucionais fosse levada a uma consulta plebiscitária, diante dela somente temeriam os desavergonhados vendilhões da Pátria…”

Era assim que os antigos observavam ou advertiam aqueles que, se esgueirando ou se escondendo, insistiam no erro ou no desvio, mas de forma sorrateira. A advertência surtia muito efeito em uma época de bons valores e fortes princípios porque deixava claro que além do condenável procedimento o indivíduo também revelava, na essência, falta de caráter, tibieza ou extrema covardia.

Quando ouço essa esquerda insana, ressentida e despeitada, pela voz do que há de mais desprezível na vida pública nacional, do tipo de magistrados vendidos, de parlamentares corruptos, de nababos da máquina governamental ou da “jornadalha” órfã dos cofres públicos, gritar histérica e descontrolada quando um cidadão destemido e descompromissado com tudo que desgraçou esta Terra de Santa Cruz nas últimas décadas recorda o exemplo da adoção de medidas legais, previstas no nosso ordenamento jurídico, objetivando enfrentar situações extremas ou conflitos internos comprometedores da lei e da ordem, tais como os Atos Institucionais da época de 1960, fico pensando nas razões pelas quais eu que vivenciei aquelas ocasiões, tanto quanto o povão de um modo geral daquela época efetivamente não nos surpreendemos com aqueles comentários, nem nos sentimos ameaçados de alguma forma.

Por que isso acontece então? Por que nós os cidadãos do bem e os patriotas de todas as tendências e matizes não se sentem afrontados ou têm como violados seus direitos fundamentais, ao contrário do que ocorre com a vermelhada?

Não vou aceitar a resposta no sentido de que a esquerda neste País, mormente os socialistas e os comunistas, são os possuintes e o puro exemplo na luta por um regime de governo mais democrático, justo e igualitário, porque a desgraça por eles perpetrada ao longo de trinta e cinco anos de domínio das quadrilhas de Sarney a Temer comprovou que dentre aqueles não há um só dos calhordas que tenha pensado menos em si próprio ou em seus feudos e bunkers e mais no Brasil.

Recordo-me que transita pelo território livre da rede mundial de computadores um vídeo da entrevista do Gen. Figueiredo ao grande jornalista Alexandre Garcia em que se pode ver o ex-presidente, triste e desolado ao revelar que um dos momentos mais decepcionantes de sua passagem pelo Planalto foi quando questionando um vagabundo desse do Parlamento com o título de Senador da República, se negou atender um pleito indecente qualquer com a seguinte interjeição: Mas Senhor Senador e o Brasil? Em resposta ouviu do patife: Ora Presidente! O Brasil? O Brasil? Lamentavelmente o Brasil estaria lá para aquilo tudo mesmo, mas agora não está mais, digo eu.

Não vou me perder aqui por conta de teorias antropológicas ou sociológicas tão ao gosto dos plantões “uspinianos”. Fora esta “conversalhada” toda, a explicação mais razoável que encontro é que a lei, a ordem, o progresso não interessam àquela gente mal intencionada, que ainda tem a pachorra de se intitular progressistas. Pode?

A lei, a ordem, o progresso e um Brasil rico e inserido como País modelo no Concerto das Nações Livres e Soberanas são os antídotos contra o câncer que espalham por nosso tecido social, porque sabem que quanto mais doente este estiver, mais dependente estará deles e de suas associações bandidas, travestidas de agremiações políticas. Concluindo, acabo certo de que a solução é a aplicação da lei. “Com a lei, pela lei e dentro da lei; porque fora da lei não há salvação”, como um dia de 1892, disse Ruy Barbosa, resumindo magistralmente o programa da República.

Em sendo desta forma pergunto: por que a esquerdalha e os corruptos do Parlamento acusados na Lava Jato e os Mandarins da Justiça – com exceção do povão propriamente dito – caíram de pau em cima do Deputado Federal filho do Presidente em primeiro lugar e depois para as bandas do Professor Paulo Guedes, quando eles advertiram que no caso de uma guerra intestina, antes que se chegue aos caos o Ato Institucional ou algo semelhante deve e pode ser invocado? E por que não?

Continuo perguntando. Por que o “Ogro Duplamente Condenado” posto em liberdade pela escória do Judiciário, que deixou o xilindró sublevando a ordem e incitando a baderna ou o quebra-quebra, deve permanecer intocável? Por que a quadrilha petista que está financiando, com a verba do Fundo Partidário, o caos no Chile e na Bolívia pode continuar nisto e nada se pode fazer contra isso? Por que seus asseclas no Parlamento tramam noite dia contra um governo legitimamente eleito, desafiando as Forças Armadas a toda hora visando a colher motivos para se vitimarem internacionalmente, se julgam no direito de continuar impunes?

Alguma coisa tem que ser feita, antes que os contras e a 5ª coluna avancem demais. O interesse privado não pode se sobrepor ao interesse público. A prática da verdadeira democracia exige mais do que a existência de boas leis, exige que se cumpra a lei, que por menos dura e coercitiva que possa ser, do malfeito e do descaminho social não se compadece. O mal público e a desordem que ora se vê no Chile, na Colômbia e na Venezuela, por exemplo, só se combate com a aplicação da lei e pelo restabelecimento da ordem, muitas vezes invocadas pelos chamados Decretos de Garantia da Lei e da Ordem.

Por aqui, esta mesma norma que tem salvado populações inteiras de diversos Estados da Federação da bandidagem, com igual essência deve livrar o País das ações da esquerda brasileira que se traduzem em delitos puros, bem como das do socialismo contraventor e das do comunismo que tipifica crime hediondo contra a natureza e a índole do povo brasileiro.

Quando vi o Presidente da Câmara Alta ousar levantar o nariz para o Professor Paulo Guedes e dizer – como se fosse um virtuoso homem público nunca acusado pela Operação Lava Jato – que a referência feita pelo Mestre ao Ato Institucional nº 5 seria tão nociva quanto todo o mal que gente como ele e seu pai fizeram ao Brasil, tenho para mim que seu pensamento se assemelha ao do narcotraficante, quando considera a ação legal da polícia como causa principal da miséria e do terror que trazem para as favelas e para os guetos que dominam. É um raciocínio bem parecido.

Acho bom que se pare de dar esses sórdidos chiliques, toda vez que um patriota diz que não se vai transforma o Brasil em uma Venezuela. É bom que aqueles espertinhos considerem que muito mais grave e forte do que os vetustos atos constitucionais são os Estados de Defesa e de Sítio previstos na Carta de 1988. Basta conferir.

Os patriotas não temem um ato institucional ou medida semelhante em prol da lei e da ordem se estes colocarem a Pátria acima de todos. O homem comum teme um novo roubo de trilhões por parte da petralhada. O cidadão de bem teme permanecer padecendo em face da incompetência desta máquina governamental burra, gigante e incapaz. O trabalhador honrado se desespera porque seus sonhos e perspectivas foram destruídos pela vermelhada e resta dessossegado porque a esquerdalha continua aliada às Organizações Criminosas – OCRIM’s aliadas ao Foro de São Paulo.

Com certeza que, se a adoção dos Atos Institucionais fosse levada a uma consulta plebiscitária, diante dela somente temeriam os desavergonhados vendilhões da Pátria e, em face do resultado alcançado, a Nação Verde e Amarela entoaria, por décadas, canções e hinos de vitória.

 

 

 

 

Por Jose Mauricio de Barcellos, ex Consultor Jurídico da CPRM-MME é advogado. E-mail: [email protected].

Tags: