Opinião – O Brasil, Doria e outros

11/04/2020 01:22

”Será que Doria queria ombrear-se à nossa tradição ? O que ganharão os governadores com este procedimento ? Nada. O presidente é aliado de seu povo e da razão”

Os últimos acontecimentos envolvendo a figura de João Doria Junior, governador de São Paulo, mais viajante que governador, não o tem credenciado como o líder estadual que os paulistanos elegeram. Com volúpia de poder, e traindo à promessa que fizera de chefiar a prefeitura da grande cidade até o fim de seu mandato (negou-se a cumpri-la), não por adversidade alguma, mas por sua pressa nítida em alçar-se a mais um patamar da notoriedade, lá se assentando, inaugurou um novo propósito de disputar (e vencer) a presidência, sonho que acalenta sem respeitar o tempo e outras barreiras que estão inviabilizando e conflagrando sua candidatura (ou sua aceitação) depois de sua posse como mandatário de alguns milhões de eleitores de seu estado.

Mais uma vez, seja o cenário que for (o homem é marqueteiro há longo tempo), Doria ensaia seus primeiros movimentos no xadrez da eleição presidencial. Renegou Bolsonaro, a quem acompanhara na escalada difícil e cruenta, e valeu-se da indisposição do troca tintas que se elegeu no Rio de Janeiro para com ele aliar-se, já ciente da impossibilidade daquele governador de trilhar o seu caminho, e sedento o outro de um novo mandato no Rio, que não se repetirá.

Muitos homens não respeitam a história, ou não a conhecem. A traição jamais rendeu frutos ao traidor. A traição e a ingratidão são dois pecados capitais, e caminham de mãos dadas na evolução da humanidade. O episódio mais ilustrativo de traição se deu na Roma antiga, no espaço da política, e o personagem que a protagonizou era, também, um patrício. Havendo se consorciado a César, depois renegou quem lhe favorecia, a seguir ferindo-o de morte, em conspiração com outros senadores. O próprio Brutus foi seu juiz, suicidando-se.

Há dias o governador Doria, aliado circunstancial também de Caiado, elaborou carta de protesto ao presidente, e solicitava aos colegas a assinatura de cada um. Na verdade, seu autor queria mesmo era uma provocação, uma agressão contra o presidente, mais um holofote para si, que os subscritores inocentemente aderiram. Em Minas ele não a obteve. Doria não conhece os mineiros. Minas não capitula, Minas enfrenta. Assim foi no antológico Manifesto dos Mineiros, um momento precioso da história republicana, um canhão assestado contra a ditadura de Vargas. Será que Doria queria ombrear-se à nossa tradição ? O que ganharão os governadores com este procedimento ? Nada. O presidente é aliado de seu povo e da razão. Fará tudo em prol da erradicação deste mal que nos ameaça. Ganhará o redator e inspirador, quando repetido pela imprensa antibolsonarista.

É importante que cada brasileiro reflita sobre as ações que aqui se desenvolvem no combate a esta praga e no sacrifício que a cada um se impôs. O Ministério da Saúde, com o auxílio valioso do Exército, informa e age da mesma forma como trabalham os países onde o mal se propagou. Pergunta-se, afinal: na China registraram-se 3.217 mortes, na infeliz Itália 2.978 mortes, Espanha, 500 mortes, na França 264, no Brasil, 111 mortes – nesses países não se registrou nenhuma ameaça a seus presidentes – aqui no Brasil é que vamos assistir a essa arlequinada bufona ? A quem ela interessa ?

 

 

 

 

Por José Maria Couto Moreira é advogado.

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