18/08/2020 18:56
Em mais um cenário de descontento político, o cacique do DEM sinaliza a ‘bifurcação’ entre seu grupo e o chefe do executivo estadual, esse cada vez mais isolado politicamente
O senador Jayme Campos e seu irmão Júlio Campos, só não tiveram rusgas ou descontento na gestão do ex-governador, ex-senador e ex-ministro, Blairo Borges Maggi. Mega empresário que por sinal, alcançou em sua meteórica trajetória na vida política, a escalada mais célere da história mato-grossense: foi governador, foi reeleito governador, foi senador (o primeiro governador a ser senador na sequência) encerrando como ministro (MAPA).
Mas, voltando para uma atmosfera com ares mais frescos, apesar das fumaças pantaneiras, na gestão posterior a do gaúcho citado acima, mas precisamente do ex-garimpeiro, ex-deputado estadual e ex-governador Silval da Cunha Barbosa, hoje pastor de tornozeleira eletrônica, a relação política da família Campos seguiu morna, mas não descontente.
No entanto, quando surgiu o ”fenômeno anti-corrupção”, o cuiabano José Pedro Taques, ex-procurador da República, ex-senador por MT, o qual ganhou notoriedade na operação ”Arca de Noé”, operação essa que levou a prisão do lendário ex-policial civil, ex-comendador e ex-bicheiro, João Arcanjo Ribeiro, os Campos apostaram no ”fenômeno”. Porém, uma aposta equivocada. Equívoco sentido também à época, pelo atual vice governador, Otaviano Pivetta, um dos grandes apoiadores da campanha do cuiabano borocoxô, que logo no inicio do mandato se afastou e quando procurado, não media palavras em tecer críticas ao governador tucano.
Diferente de Pivetta naquele momento, a família Campos seguiu em silêncio, assistindo passivamente a queda dia após dia, do então ”baixinho arrogante”, como ficou largamente conhecido pelos seus ”colegas” correligionários.
A gestão de Taques descarrilhou em um mar de embaraços, indo do ambiente familiar até a mais alta cúpula do judiciário e comando militar.
Ao final da complicada, conturbada e desgastada gestão Taques, a família Campos já sondava quem iria enterrar, sem muita dificuldade, a reeleição do ”baixinho arrogante”. Eis que então, lembraram(?!) do ex-prefeito Mauro Mendes.
Saindo de uma gestão municipal com índice de aprovação respeitável, em torno de 65% a 70% (há quem proteste esses números), Mendes ficou valorizando seu passe, ou mesmo fazendo charme, por quase 365 dias.
Uma verdadeira virgem dançando flamenco, no meio do pederasta salão (mídia) do cabaré (política): muitos querendo, poucos com chances e, claro, muita vontade reprimida da ”donzela”.
Após o espetáculo circense, sem se ruborizar em tendas vermelhas, Mendes ”se rende” aos cortejos dos democratas, virando assim, a noiva do DEM-MT. Casa-se com o DEM, exigindo ”comunhão total de bens”, despertando assim a desconfiança da cúpula do partido que, num mix de rispidez de Jayme e traquejo de Júlio, sugerem elegantemente a ”comunhão parcial de bens”. Mendes, já ”semi nua”, ainda que a contra gosto de sua ganância, não titubeou em aceitar.
Em pouco menos de 2 anos de ”casamento” consumado, a cortejada começou a expor uma deselegância aos passos de um ‘salto alto’, mostrando suas unhas esmaltadas de vermelho cintilante, ora em ranhuras, ora com dedo em riste.
O DEM já entendeu as intenções promíscuas no dia do casamento. Como um partido de integrantes independentes e sólidos, pagaram para ver o quão largos seriam os passos da ”jovem e ambiciosa goiana”.
A frase de ontem (18.08) do senador democrata, cacique do DEM-MT, Jayme Veríssimo de Campos, diz muito, se não tudo, sobre o futuro político do governador e Governo Mauro Mendes:
”Ninguém tem autoridade de me cobrar nada nesse Estado sobre lealdade política. Sou leal a quem é leal a mim”
O DEM segue com Nilson Leitão (PSDB) como o nome à disputa ao Senado. Júlio Campos na primeira suplência, o qual o senador democrata atribui uma vitória ”esmagadora” sobre quais quer que sejam os nomes que venham a peitar a disputa.
O já descontente e cada vez mais distante do atual Governo, o vice governador, Otaviano Pivetta (PDT), uniu boas alianças para também uma eventual disputa. Mas, segundo fontes, já estaria pensando em desistir para um possível protagonismo em 2022. Dessa vez, não mais como apoiador. Não mais como vice. Mas sim, como o próprio dono da p**** toda.
O jogo segue sendo jogado. Uns com mais, outros com menos cacifes. Já outros, saindo igual ou pior do que como entraram.
Por Kadu Rachid, diretor no Correio da Semana, publicitário, crítico, analítico & opinativo