17/09/2020 12:56
”Todo ano a mesma coisa. Fogo na Chapada, fogo na Serra de São Vicente, fogo no cerrado etc etc”, aponta Eduardo Póvoas
Neste ano uma novidade como nunca, o pantanal ta ardendo e de saco cheio de “salvadores” da pátria agora, que nada por lá restou. Não tenho procuração do Governador e do Presidente da República para defende-los desta catástrofe, culpados que são, por alguns desorientados.
Este fogo vinha sendo decantado em verso e prosa há muito tempo, anos e anos atrás, e sempre levado em brincadeira.
A compra de áreas enormes pelo Sesc e a retirada dos fazendeiros e de seus animais de lá, proporcionou que os pastos dessas fazendas, outrora administrado e controlado pelos fazendeiros, virassem um pavio de grande proporção para o fogo. Este é sem nenhuma dúvida um dos motivos. Existem outros.
Li semana passada que há um movimento no Congresso Nacional para que uma comissão de Deputados e Senadores visitem o pantanal agora, pós desgraça.
Já disse e repito, o pantanal não precisa de técnicos e muito menos de comissão de Deputados Federais e Senadores para que pós desgraça, tentem adquirir dividendos políticos.
Vão jogar para a plateia.
O que vão fazer lá agora que a planície está quase que totalmente destruída? Tirar foto nas cinzas com animais carbonizados?
Vocês deveriam visita-lo antes da catástrofe apontando e encontrando soluções plausíveis para que o pior não acontecesse. E não foi falta de aviso.
Agora é mise en scene. Não vão, vocês nada tem a fazer por lá. Tiveram inúmeras chances, mas jamais acreditaram no que previa o homem pantaneiro, único que entende e preserva o local, que há muito vem alertando sobre essa catástrofe.
Virão outras, estas já comentadas por mim e que as autoridades fingem não entender, como por exemplo a chegada da soja dentro do perímetro pantaneiro. Aí quando aparecer a mortandade de peixes na região, dirão não saber da causa.
Podem ficar com raiva de mim, mas técnicos presos em salas refrigeradas e que tem medo de mosquito e borboleta, não entendem e não saberão nunca resolver nada dentro do santuário pantaneiro.
Qual a dificuldade que nossas autoridades tem de convidar o homem que lá vive e de lá entende muito bem, para compor uma comissão que tratará do zelo e da conservação dessa planície?
Virão tragédias maiores por lá. Meus amigos que moram lá cansam de comentar comigo como essas tragédias virao.
Será que a opinião deles não vale nada? Será que diplomas e certificados tem o mesmo valor de uma experiência de décadas, nesta causa, para uma região atípica?
O papel do deputado e do Senador é, após escutar as autoridades e principalmente, o homem pantaneiro, contribuir em executar as sugestões dadas por eles, para que nova desgraça não aconteça.
Visitem a área, conversem com aqueles que lá vivem, tenham a humildade de admitir que o que escutarem por lá, valera muito mais que a opinião de um técnico que vive aqui em salas refrigeradas.
Caso o narizinho continue empinado, novos incêndios e catástrofes atingirão a planície que necessita de água e não de fogo. Aí vão querer visitar a área.
Por Eduardo Póvoas é pós-graduado pela UFRJ