Opinião – Os clean players de 2021

13/01/2021 15:26

Preço de baterias caiu em 2020
Investimento mostra resultados

Num ano marcado pelas más notícias provocadas pela pandemia do coronavírus, o setor de energia limpa fechou 2020 com saldo positivo. Segundo o relatório anual da IEA (Agência Internacional de Energia), 90% de toda a nova energia gerada no ano passado foi oriunda de fontes renováveis, enquanto a parcela global cresceu 18% em comparação a 2019.

O relatório explica que, embora a construção e instalação de usinas renováveis tenha sido interrompida no primeiro semestre do ano, os planos de governos ambientais, como o Green Deal Europeu e o compromisso da China em acabar com a emissão de CO2, contribuíram para uma retomada nos projetos de construção e um crescimento expressivo e contínuo do setor.

Com a vitória de Joe Biden e o anúncio de planos de descarbonização de mais 5 potências (China, Japão, Coreia do Sul, Rússia e Índia), este novo ano promete um avanço ainda maior em investimentos e políticas públicas em energia limpa.

Jigar Shah, fundador da empresa de energia solar Generate Capital, afirma que, mais do que promessas, é importante que este ano governos e empresas mostrem resultados em seus respectivos balanços financeiros, pois é aí onde se pode avaliar as decisões mais importantes de empresas e organizações.

À medida que práticas ambientais, social e de governança (ESG) vão se estabilizando no mercado, empresas mostram sinais positivos de mudança de seus investimentos. Semelhante a uma oferta pública inicial (IPO), um novo instrumento financeiro roubou a cena no quesito financiamentos para empresas de tecnologia limpa, as chamadas cleantechs, em 2020. Special Purpose Acquisition Companies (SPACs) atuam como investidores e buscam no mercado de capitais investimentos para empresas de tecnologia de energia limpa.

Essas iniciativas são extremamente atraentes para as pequenas empresas do setor, que se beneficiam do alto valor investido rapidamente, a distribuição de capital é de curto prazo, e ganham força para produzir e comercializar seus produtos e tecnologias. A agilidade das SPACs, tanto para distribuir recursos quanto para sair de um negócio que não vai bem, contribuiu para que em 2020, pela primeira vez, empresas de capital privado fechassem mais negócios de energia limpa do que energia de combustível fóssil.

Embora SPACs carreguem um risco alto, o retorno de investimento é um forte atrativo. O alto investimento na indústria de bateria, por exemplo, começou a mostrar resultados. O preço da bateria de íon-lítio está em  $138/kWh, uma queda de 89% em comparação a 2010. Segundo a consultoria Bloomberg NEF, quando a média do preço chegar a $100/kWh, o que deve ocorrer em dois anos, será possível produzir e comercializar veículos elétricos ao mesmo preço dos carros movidos por combustíveis fósseis. Essa equalização dos custos é um dos maiores desafios da descabonização no setor de transporte. A redução dos preços das baterias também permitirá a criação de polos de armazenamento de energia oriunda das renováveis, uma resposta ao problema de intermitência da produção.

Em outra frente, grandes empresas de tecnologia têm dado passos importantes para mudar suas fontes de fornecimento de energia. Responsáveis por 10% dos contratos de compra e venda das renováveis em 2019, as gigantes Amazon, Microsoft, Google e Apple estão no caminho para se tornarem livres de carbono nos próximos anos.

 

 

 

 

Por Julia Fonteles, 24 anos, é formada em Economia e Relações Internacionais pela George Washington University e é mestranda em Energia e Meio Ambiente pela School of Advanced International Studies, Johns Hopkins University. Criou e mantém o blog “Desenvolvimento Passo a Passo”, uma plataforma voltada para simplificar ideias na área de desenvolvimento econômico.

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