04/11/2021 07:47
Temos que admitir, direita e esquerda, que as soluções que foram tentadas, se tentadas, não deram certo
Como é possível que depois de 24 anos de governos que colocam os pobres em primeiro lugar ainda termos favelas?
Como é possível que no período Dilma do PT, as favelas dobraram?
Tenho uma explicação, embora saiba que existem outras que explicam também.
O PT é um partido cujo foco de interesse na realidade são os trabalhadores chão de fábrica, a maioria dos funcionários de muitas empresas.
São trabalhadores já com carteira assinada, mas que por não terem muita instrução só podem vender a sua “força de trabalho”.
80% da luta do PT foi em torno de greves, sindicatos fortes, salário mínimo elevado, que para um favelado desempregado nada servem.
Favela nunca foi preocupação maior, foi mais eleitoral.
O Partido Comunista Brasileiro sempre foi marxista preocupado com a posse dos meios de produção nas mãos dos empregados chão de fábrica, que é o que existia na época de Marx.
Só que nos países que expropriaram as empresas e deram para os trabalhadores chão de fábrica, os vendedores, advogados, operadores logísticos, contadores, administradores, auditores, se rebelaram ao autoritarismo de pessoas sem instrução, e as empresas nunca foram as mesmas.
O PSDB foi um partido de intelectuais, mais preocupado com educação do que pobreza e favelados.
Fernando Henrique se danou na sua campanha para presidente quando disse que roubavam seu relógio quando ia para uma favela.
Eu fui o Mestre de Cerimônia do Evento e estava ao lado quando ele disse a frase que lhe custou caro.
Favelas aparecem no discurso desses partidos, mas é fake politics.
Governos de direita, que não tivemos nesse período, estão mais preocupados com geração de emprego e crescimento dos meios de produção, muitos pobres teriam como sair das favelas, do desemprego e os salários aumentariam como consequência.
Dizer que a esquerda se preocupou com a pobreza, é não analisar o histórico dela com relação às nossas favelas.
Precisamos colocar as favelas como problema número 1.
Rio de Janeiro é uma vergonha para o mundo inteiro.
Temos que admitir, direita e esquerda, que as soluções que foram tentadas, se tentadas, não deram certo.
Por Stephen Knitz, é um consultor de empresas e conferencista brasileiro, mestre em Administração de Empresas da Harvard Business School e bacharel em Contabilidade pela Universidade de São Paulo.