Opinião – Cúpula parisiense

23/11/2021 07:01

Lula afirmou em publicação nas redes sociais que o objetivo da viagem é colaborar para “melhorar a imagem do país no exterior”

Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação/PT

Lula encontra Macron:

– Obrigado por me receber, companheiro Macron. Vou ficar bem na foto.

– Meu filme tá meio queimado aqui na França, companheiro Lulá. Mas pro Brasil serve, né?

– Serve bem. Presidente da França é presidente da França.

– Isso aí. Vamos aproveitando enquanto ninguém nota.

– Por falar em nota: rola um cheque pro Instituto Lula?

– Porra, Lulá. Depois de todo aquele roubo tu ainda tá pedindo dinheiro?

– Muita despesa, Macron.

– Tudo bem. Mas o que eu vou ganhar em troca?

– Um Lula de pelúcia e uma foto no Le Monde mostrando que você tá ajudando os famintos do Brasil.

– Gostei. Estou precisando mesmo de um gesto de grandeza.

– Ótimo. Obrigado, companheiro.

– Só pra eu ir ensaiando minha entrevista pro Le Monde: qual foi a maior ação humanitária do Instituto Lulá?

– Ah, tem uma porrada de ação, Macron. A que ficou mais famosa foi aquela dos pintinhos.

– Que pintinhos?

– Os pintinhos do meu sítio, que não é meu.

– Ah, lembrei. Atibaiá, né?

– Isso.

– Por que você nunca me convidou pra um churrasco lá?

– Porque com esse seu jeito arrumadinho o meu pessoal podia achar que tu é polícia.

– Entendi. Faz sentido. Mas voltando aos pintinhos…

– Nem me fala.

– Ué, foi você que falou.

– Eu sei. Mas é que esse assunto sempre me emociona.

– Por quê?

– Justamente pela ação humanitária do Instituto Lula. Era de lá que eu recebia as informações do caseiro do sítio sobre a situação dos pintinhos. E quando algum pintinho não estava bem, isso acabava com o meu dia.

– Imagino. E onde entra a ação humanitária?

– Tu é burro mesmo, hein, Macron? Justamente eu colocava todos os recursos do Instituto pra salvar os pintinhos. É pouco pra você?

– Não. Também me emociono. Mas salvar pinto é ação humanitária?

– Aí você mostra todo o seu preconceito. Pinto é um ser humano como outro qualquer. Só porque vira galinha você acha que não merece respeito?

– Não foi isso que eu quis dizer…

– Foi sim. O que você tem contra as galinhas? Sabia que você pode ser processado por preconceito?

– Contra as galinhas?

– Claro. Meu corpo, minhas regras. A galinha faz com o corpo dela o que quiser e ninguém tem nada com isso. Aliás, eu gostaria de lhe informar, sr. presidente, que qualquer maneira de amor vale a pena.

– Espera aí, Lulá. Eu não quis ofender ninguém. Só fiquei um pouco confuso com a classificação das espécies.

– É o que todos dizem. Mas não se preocupa, vou quebrar o seu galho.

– Obrigado. O que você vai fazer?

– Dobra o valor do cheque e eu te arranjo os melhores advogados. E os melhores juízes também.

– Eu vou ser julgado no Brasil?

– Claro. Seu crime foi cometido contra galinhas e pintinhos brasileiros, cujo habitat moral é o meu sítio que não é meu, então o juiz natural da causa também é meu. Ou melhor, de um amigo meu.

– Nada como ter amigos, né, Lulá?

– Eu não seria ninguém sem eles.

– E basta de preconceito contra as galinhas.

– E contra os pintinhos.

– E contra os demagogos.

– E contra os ladrões.

– Igualdade, fraternidade e liberdade!

– 2 milhões de dólares.

– O quê?

– O preço do que você falou.

– Como assim? Eu falei de princípios da Revolução Francesa. Isso sempre foi de graça.

– Em conversa com o Instituto Lula nada é de graça. Mas não se preocupe, tudo será revertido em causas humanitárias.

– Ufa. Então tá.

– Pela dignidade das galinhas!

– 50 real.

 

 

 

 

Por Guilherme Fiuza, jornalista e escritor com mais de 200 mil livros vendidos – entre eles: “Meu nome não é Johnny”, “3.000 dias no bunker” (ambos adaptados para o cinema), “O Império do Oprimido” e “Manual do Covarde”, Guilherme Fiuza trabalha para veículos como Jovem Pan, Gazeta do Povo e Revista Oeste. Seus canais no YouTube, Twitter e Instagram somam mais de 1 milhão de seguidores. Seu sonho é parar de falar de política – assim que a política permitir.

Tags: