”a causa ambientalista e da saúde humana na utilização de defensivos, deve ser conduzida com bom senso e sempre respaldada pela ciência”, escreve engenheiro agrônomo Arno Schneider
17/02/2022 05:40
”Atualmente no agronegócio, gestão empresarial e gestão ambiental são inseparáveis”
A aprovação de novas moléculas de defensivos é realizada pelo Ministério da Agricultura (Mapa), Anvisa e Ibama, por meio de análises de eficiência agronômica, saúde humana e agressões ao meio ambiente.
Um novo defensivo só será aprovado, se for, além de eficiente, menos nocivo às pessoas e ao ambiente. É necessário também, que sua molécula tóxica se decomponha quimicamente após a aplicação em um composto totalmente inócuo ou com uma nocividade tolerável dentro de rígidos critérios. Esse tempo que a molécula leva para se decompor é chamado de carência e deve ser rigorosamente observado.
Um projeto de lei que já tramitava há anos na Câmara Federal (e agora aprovado) concede mais poderes ao Mapa para agilizar o uso de novos defensivos e está sofrendo críticas severas por parte dos partidos de esquerda, o que vai levar o Ministério a aprimorar os critérios para o uso provisório de novas moléculas que comprovadamente sejam mais eficientes e menos nocivas que aquelas já existentes no mercado.
Argumenta o Mapa que se um pesticida foi anteriormente aprovado por três países, entre eles EUA, Japão, Austrália e países da Comunidade Europeia que utilizam os mais rigorosos critérios de segurança, já haveria a possibilidade de o Brasil aprovar em caráter provisório o seu uso.
Qualquer nova análise que comprove algum problema com a molécula, seu uso será imediatamente proibido. Essa sensata proposta promoveria uma antecipação no uso de agrotóxicos mais eficientes e menos nocivos.
O agro tem sofrido críticas de ambientalistas, celebridades e partidos de esquerda sobre a quantidade exagerada de pesticidas aplicados sobre as culturas. São críticas totalmente improcedentes, originárias de ignorância e ou de conteúdos ideológicos.
Um estudo da FAO colocou o Brasil em 44º lugar no ranking dos maiores consumidores de agrotóxicos por hectare cultivado. Com essa métrica, o Brasil é ainda muito prejudicado, pois temos aqui uma agricultura tropical com duas ou até três safras anuais na mesma área, enquanto no hemisfério norte só plantam uma safra e com um clima menos favorável à ocorrência de pragas e doenças. O Japão encabeça quase todos os rankings mundiais, mesmo assim tem a maior expectativa de vida do planeta.
O uso indevido de defensivos pode causar acidentes, principalmente no manuseio do produto. Importantíssima é a observação da carência. Defensivos também podem matar abelhas e outros insetos úteis. Porém, não podemos sonhar poeticamente somente para o ambiente. Existe uma realidade que não podemos ignorar: temos que prover de alimentos quase 8 bilhões de pessoas no mundo.
Sem o uso de agrotóxicos, é fim da linha para a maior parte da humanidade. Um simples ataque de lagarta pode zerar a produtividade de qualquer cultura. A esquerda está querendo se apropriar do conceito de que é a grande defensora da saúde humana e do ambiente afirmando que o agronegócio só tem interesse no lucro, não se importando se atropela pessoas ou destrói o ambiente.
Na verdade, todos os avanços tecnológicos do setor são incentivados e pressionados pelo próprio agro, que será o maior beneficiário dessa evolução. Atualmente no agronegócio, gestão empresarial e gestão ambiental são inseparáveis.
Segundo a FAO o Brasil atende de uma maneira muito profissional e com segurança alimentar todos os critérios de qualidade exigidos pelos importadores. Portanto, a causa ambientalista e da saúde humana na utilização de defensivos, deve ser conduzida com bom senso e sempre respaldada pela ciência.
Por Arno Schneider é engenheiro agrônomo e pecuarista.