Pelas pressões atuais qualquer novo avanço tecnológico em qualquer área de pesquisa terá forçosamente que contemplar a conservação da natureza, escreve Arno Schneider
16/04/2022 05:25
”Humanidade irá ganhar imensos novos poderes para remodelar a vida”
Com a evolução mais acelerada da biotecnologia, a humanidade irá ganhar imensos novos poderes para remodelar a vida, principalmente na saúde humana, mas também nos avanços tecnológicos do agro.
A guerra acionou o botão do “Plano Nacional de Fertilizantes”, que se propõe a reduzir nossa dependência da importação de adubos.
Pesquisas na área da microbiologia, estão encontrando soluções para amenizar essa dependência principalmente para o nitrogênio e o fósforo.
No que se refere ao nitrogênio, uma grande novidade biotecnológica que já vai ser uma realidade a partir deste ano é a seleção de bactérias nitrificadoras em gramíneas, que exigem grande quantidade de nitrogênio para obter alta produtividade.
A técnica já é utilizada em leguminosas como a soja e o feijão. No caso das leguminosas as bactérias suprem 100% das necessidades de nitrogênio das plantas. Para as gramíneas, não haverá, por enquanto, essa eficiência total. Mesmo assim, o ganho é altamente significativo promovendo importante redução na necessidade de adubação nitrogenada.
Serão beneficiadas com a nova tecnologia as pastagens, que são basicamente formadas com gramíneas, o milho, o trigo e inúmeras outras gramíneas cultivadas.
Quanto ao fósforo, novamente a microbiologia será a solução. Aplicado no solo, via adubação, ele rapidamente se insolubiliza. De cada 100 kg aplicados estima-se que somente 15 kg, em média, são assimilados pela planta.
Com adubações anuais e contínuas, durante décadas, pode-se estimar o incrível acúmulo de fósforo no solo. Essa reserva poderá ser acessada com a incorporação de micro organismos, tanto bactérias como fungos.
A EMBRAPA está trabalhando com inoculantes para acessar essa enorme poupança. Em algumas culturas houve a duplicação na absorção do fósforo pelas plantas. Apenas estamos engatinhando nessa área. A biotecnologia, com novos conhecimentos, certamente chegará em pouco tempo numa efetividade bem maior.
O uso generalizado destas novidades tecnológicas, promoverá uma grande economia de divisas pela redução da importação de adubos nitrogenados e fosfatados.
No segmento pecuário, um grande exemplo, já quase saindo do forno, será a produção de um ionóforo que adicionado e consumido pelos bovinos no sal mineral, promete até 90% na redução da eructação de metano pelos ruminantes. Os ionóforos atualmente utilizados reduzem somente 15% das emissões.
Como exemplo de um uso já generalizado de técnicas oriundas da biotecnologia, podemos citar:
- Ausência total de adubação nitrogenada para as leguminosas (soja, feijão, etc.);
- Soja resistente ao glifosato que permitiu a técnica do plantio direto;
- Cultivares de milho resistentes à lagarta do cartucho.
Estas três tecnologias já em uso e as tecnologias emergentes acima citadas, promovem todas elas, ganhos ambientais, redução de custos, aumento de produtividade e carbonização do solo.
A transgenia será a principal ferramenta para a seleção de novos cultivares.
Hoje no agro, gestão ambiental e gestão empresarial são inseparáveis. Pelas pressões atuais qualquer novo avanço tecnológico em qualquer área de pesquisa terá forçosamente que contemplar a conservação da natureza.
Com as redes sociais, as ideias estão se reproduzindo numa rapidez nunca antes vista. Que coisas seriam de fato impossíveis? A lista diminui o tempo todo.
Um solo vivo e as raízes das plantas serão os protagonistas do próximo avanço tecnológico da agronomia.
Por Arno Schneider é Engº Agrº e pecuarista.