Por Onofre Ribeiro
02/08/2022 05:30
”Não adianta sermos os maiores produtores de alimentos, e ter pessoas passando fome”
Neste fim de semana li um artigo muito bem construído e realista escrito pelo gestor de agronegócios Luciano Vaccari, diretor da Neo Agro Consultoria & Comunicação, de Mato Grosso. Nele o autor provoca muitas reflexões indispensáveis. Vou tomar a liberdade de transcrever alguns tópicos do artigo pra depois colocar alguns pontos de vista pessoais.
“O Brasil é um dos principais produtores de alimentos, fibras, energia e minério de ferro do mundo. É também um dos 10 maiores fornecedores globais de derivados de petróleo e toda essa produção é disponibilizada tanto para o consumo interno, quanto para o abastecimento de outros países. Mesmo assim, o país encerrou 2021 na 25ª posição no ranking mundial de exportadores, com uma receita equivalente a US$ 280 bilhões”.
“Apesar do grande potencial agropecuário brasileiro, em termos de receita nossos produtos ainda são muito menos rentáveis do que a produção do Japão, da França ou da Holanda, por exemplo, que exportam tecnologia, seja empregada em veículos, num frasco de remédio ou numa tulipa.
“A França, por exemplo, exportou em 2021 o equivalente a US$ 585 bilhões provenientes principalmente da venda de máquinas e equipamentos de transporte, aviões, plásticos, produtos químicos, fármacos e bebidas, a grande parte é de bens industrializados”.
“A França, por exemplo, exportou em 2021 o equivalente a US$ 585 bilhões provenientes principalmente da venda de máquinas e equipamentos de transporte, aviões, plásticos, produtos químicos, fármacos e bebidas, a grande parte é de bens industrializados.
Para fazer uma comparação um pouco mais justa, podemos citar o exemplo da Holanda, que desponta como quinto maior exportador mundo e movimentou US$ 836 bilhões em 2021. Porém, a Holanda se destaca por ser o segundo maior exportador mundial de alimentos, atrás somente dos Estados Unidos e uma posição na frente do Brasil. Tudo isso com um território 200 vezes menor do que o brasileiro”.
“Além de tecnologia, nestes países também há outros fatores que contribuem com o melhor desempenho da economia, como logística eficiente e política fiscal mais justa. Com isso, é possível observar cidades e população com altos índices de desenvolvimento.
O Japão possui um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de 0,884, Holanda de 0,890 e França de 0,891, e todos estão entre os melhores do mundo. O Brasil possui atualmente um IDH de 0,759. (…) “Nosso país ainda tem um longo caminho pela frente, tanto por meio da agregação de valor e industrialização da produção agropecuária, quanto por meio de investimentos em logísticas, reforma tributária e administrativa”.
Por fim Luciano Vaccari assinala a indispensável qualificação de recursos humanos em todas as cadeias e níveis da produção brasileira. Mas sua conclusão final merece ser registrada como um poderoso desafio: “Sem isso, não há como falar em justiça social, educação, democracia virtual, desenvolvimento humano.
Não adianta sermos os maiores produtores de alimentos, e ter pessoas passando fome. Ser um grande exportador de produtos e não reverter isso em renda para a população. A revolução começa de dentro para fora, mas a inspiração pode vir de todos os lugares”.
Gostaria de no próximo artigo acrescentar algumas percepções a essa dura realidade registrada no artigo. Com o olhar assentado no futuro e nas responsabilidades do Brasil.
Por Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.