Opinião – Alimentando o mundo e nós

a produção brasileira alimenta, diretamente ou como insumo para outras culturas, um número de pessoas várias vezes maior que a nossa população inteira. Escreve Luiz Henrique Lima.

11/03/2024 05:21

“A pujança do agronegócio será coroada com a erradicação da fome entre nós”

Imagem ilustrativa.

Para compreender a evolução recente da economia brasileira, bem como as suas perspectivas futuras, e, ainda, como Mato Grosso desempenha um papel crescentemente estratégico no cenário internacional de segurança alimentar, é preciso estudar a trajetória que transformou um acanhado setor agropecuário até o início dos anos 80 no pujante agronegócio de hoje.

Esse exame é feito, com maestria, na obra “Alimentando o mundo – o surgimento da moderna economia agrícola no Brasil”, de Herbert Klein e Francisco Vidal Luna, publicada pela FGV Editora em conjunto com a Imprensa Oficial de São Paulo. Os autores são respeitados pesquisadores da Universidade Stanford e USP, respectivamente.

A obra destaca que em 1960 o Brasil importava alimentos e hoje nosso país é o maior exportador líquido de alimentos do mundo, com destaque na produção e exportação não apenas de soja e carne bovina, mas de dezenas de produtos. Amparado em minuciosas estatísticas e séries históricas, bem como em rigorosa pesquisa empírica, o estudo investiga as causas desse fenômeno, de impacto mundial e com profundos reflexos na sociedade brasileira contemporânea, não apenas sob o aspecto econômico, mas também demográfico, político, cultural etc.

O trabalho salienta o papel fundamental desempenhado pela Embrapa na pesquisa científica e no desenvolvimento de sementes, processos e técnicas que permitiram múltiplos ganhos de produtividade. Ressalta também a importância da oferta de crédito público e privado, do cooperativismo, da mecanização agrícola e do surgimento de modernos empreendedores, entre outros fatores.

Mato Grosso, naturalmente, tem lugar de destaque na análise, sendo a síntese e o principal exemplo da transformação apontada nas últimas décadas.

Entre os gargalos que prejudicam a trajetória futura desse processo, os autores citam as deficiências na infraestrutura logística e em várias passagens destacam que há condições de crescimento significativo da produção sem aumento do desmatamento ou desrespeito às normas ambientais.

Como demonstra o livro, a produção brasileira alimenta, diretamente ou como insumo para outras culturas, um número de pessoas várias vezes maior que a nossa população inteira. Assim, não deveria haver fome no Brasil. No entanto, dados governamentais apontam que em 2022 mais de 20 milhões de compatriotas sofreram insegurança alimentar grave. Um dos nossos maiores desafios é, portanto, empregar a mesma inteligência e energia que têm impulsionado nossa extraordinária revolução agrícola para alimentar adequadamente todos os brasileiros.

Fome não é destino.

A pujança do agronegócio, muito bem retratada nesse livro, cuja leitura recomendo aos interessados no tema, será coroada com a erradicação da fome entre nós. É possível, é necessário e é urgente.

 

 

 

 

 

Por Luiz Henrique Lima é Conselheiro certificado e Doutor em Planejamento Ambiental.

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