Opinião – Enquanto o Rio Grande sofre, juízes fazem a festa dos milhões em Rondônia

Em Rondônia, juízes estão em festa: 46 juízes receberam mais de R$ 1 milhão. Um deles chegou a receber R$ 1,6 milhão. Escreve Alexandre Garcia.

06/05/2024 07:50

“Um dia, a gente vai avaliar quem foi injustiçado ou justiçado.”

Homem a bordo de canoa durante enchente nesta sexta-feira (4), em Porto Alegre| Foto: EFE/Renan Mattos

É um choque nacional o que está acontecendo no Rio Grande do Sul. Um oceano que veio pelo céu de umidade da Amazônia e se chocou com o ar frio que vem da Patagônia, do Polo Sul, em cima do Rio Grande do Sul. Com o choque do frio, condensa a umidade, pesa e cai.

Foi isso o que aconteceu.

Agora, em Porto Alegre, ainda vai demorar alguns dias para a água baixar, porque recebe o afluente de muitas regiões do estado. E há lugares em que a chuva ainda persiste.

Os prefeitos estão todos preocupados com as estradas e com os desmoronamentos, mas sobretudo em procurar pessoas, resgatar pessoas. Houve perda de animais, de colheita, de imóveis, mas sobretudo de vidas.

Não há como entender que, ao mesmo tempo, há quem faça festa, no mesmo país, com a mesma gente brasileira.

Festa dos juízes

Enquanto isso, eu estava vendo o noticiário. Lá em Rondônia, pelo que eu estou vendo aqui, segundo o site Migalhas, juízes estão em festa: 46 juízes receberam, em fevereiro, mais de R$ 1 milhão. Um deles chegou a receber R$ 1,6 milhão.

Folha de pagamento

Em paralelo, a Receita avisou que vai cobrar agora, dia 20 de maio, já sobre a folha de abril, o resultado da liminar dada pelo ex-advogado de Lula, que agora é ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin.

Ele deu uma liminar derrubando todas as decisões do Congresso, ou seja, dos representantes do povo e dos estados brasileiros, que prorrogaram a desoneração da Folha. Lula vetou, e eles derrubaram o veto de Lula. Ou seja, reafirmaram a vontade como representantes do povo brasileiro.

Agora, o ex-advogado de Lula, que não tem voto de ninguém, além daqueles que votaram pela sua aprovação no Senado, mas não tem a representação popular direta, decretou a liminar.

E então as prefeituras e os 17 setores que empregam 9 milhões e 300 mil pessoas voltam a pagar 20% sobre a folha, quando estavam pagando 8%.

Esse é o Brasil.

Mauro Cid

O tenente coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, está em casa de novo, mas está preso, em prisão domiciliar. Não tem culpa formada, não tem condenação, mas está lá. É uma decisão sobre cartão de vacina e aquela história do golpe. Ele estava em regime fechado, ficou 40 dias, porque a Veja publicou o telefonema dele com alguém desabafando.

Na sequência, foi solto porque ele passou por mais uma audiência, e um juiz perguntou: “Quem são os policiais que queriam que o senhor falasse coisas que sabia que não teriam acontecido?”. Cid respondeu que ninguém o teria forçado.

Depois, o juiz perguntou: “O que você contou que eles não acreditaram?” Cid disse que ‘eles’ tinham outra linha investigativa e a versão dos fatos era outra. E o juiz continuou: “O que o senhor quis dizer com narrativa pronta?” Ele falou que chegou para ser interrogado e já existia uma narrativa pronta.

Cid disse que foi um desabafo, e disse que a Veja fez muito mal à família dele, às filhas, e que ele está com problemas financeiros. Claro, o alto Comando do Exército, bem oportuno, fez mudanças enquanto ele estava preso, fez as promoções. Cid estava para ser promovido ao topo da carreira, que é coronel.

Tinha tudo, todos os méritos, mas não foi. Pois é, o tempo é o senhor da razão. Um dia, a gente vai avaliar quem foi injustiçado ou justiçado.

 

 

 

 

 

Por Alexandre Garcia, colunas sobre política nacional publicadas de domingo a quinta-feira.

Tags: