O apoio de políticas públicas, legislação simplificada (…) são fundamentais para garantir que nossos negócios continuem sendo uma força vital na economia. Escreve Júnior Macagnan.
23/05/2024 05:48
“Além da competitividade, empreendedor precisa lidar com carga tributária”
Um grupo voltado para a educação empresarial lançou a campanha “Espécie em Extinção”, com o objetivo de mostrar a importância do empreendedor na geração de empregos e renda. No cenário econômico atual, pequenos e médios empresários enfrentam um mar de desafios que se tornou mais complexo e multifacetado ao longo do tempo.
Desafios estes que testam a resiliência e adaptabilidade desses empresários, mas que também destacam o papel crucial que desempenham na economia.
Segundo pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), cerca de metade das empresas fecham nos primeiros 5 anos de existência. Na maioria dos casos, a morte dos empreendimentos está ligada à falta de acesso às linhas de financiamentos e capital de giro. Este é um dos gargalos que pretendemos minimizar por meio de uma parceria da CDL Cred com a Agência de Fomento do Estado de Mato Grosso (Desenvolve MT).
A concorrência no mercado também é feroz, com pequenos e médios negócios tendo que competir não apenas entre si, mas com grandes corporações e marketplaces internacionais. A inovação contínua e a melhoria da qualidade são essenciais para se manter relevante e competitivo. Podemos mencionar também a falta de capacitação de muitos empreendedores somada ao cenário macroeconômico do país, no qual a insegurança jurídica gera um ambiente pouco propício à evolução empresarial.
Além de fatores como competitividade, crédito e qualificação, o empreendedor também precisa lidar com a elevada carga tributária, o que, por vezes, gera distorções e cenários desanimadores como a concorrência desleal. É o que ocorre com as gigantes asiáticas do e-commerce. Por ter um regime diferenciado de taxação, essas empresas possuem maior lastro para oferecer preços atrativos ao consumidor, comprometendo as vendas do comércio tradicional.
Na última semana, o Ministério da Fazenda abriu discussão para acabar a isenção de compras internacionais de até US$ 50. Sem dúvidas, a medida tornaria a disputa mais igualitária, mas o problema é muito mais amplo. Por que não reduzir a carga de impostos para todos em vez de aumentar?
A diferença entre o remédio e o veneno está na dose, já dizia o médico e físico suíço Paracelso. Defendemos uma isonomia que parta da diminuição dos encargos, até porque a elevação da carga também pressiona o consumidor.
A atração e retenção de talentos é outro obstáculo significativo. Afinal, sem os recursos de grandes empresas, negócios de pequeno e médio portes lutam para oferecer salários competitivos e oportunidades como plano de carreira. Além disso, a digitalização não é mais opcional, mas uma necessidade para operar eficientemente e alcançar novos mercados.
Estratégias proativas e inteligentes, planejamento financeiro rigoroso, inovação constante, investimento em talentos e a exploração de parcerias estratégicas – além de um bom jogo de cintura – são essenciais para sobreviver e prosperar.
O apoio de políticas públicas, legislação simplificada, que não transforme a reforma tributária num “monstrengo”, acesso facilitado a financiamento com recursos para capacitação, digitalização e inovação são fundamentais para garantir que nossos negócios continuem sendo uma força vital na economia e não uma “espécie em extinção”, alavancando e garantindo o desenvolvimento, criando empregos, renda e gerando ganhos em arrecadação de impostos.
Por Junior Macagnam é empreendedor e presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Cuiabá).