Opinião – Depoimento de Neri Geller na Câmara foi frustrante

Geller ainda disse que Carlos Fávaro mandou dizer que ele seria demitido, e ele ainda teria de dizer que foi a pedido. Geller respondeu que isso ele não aceitava. Escreve Alexandre Garcia.

19/06/2024 15:46

“Só para lembrar, Geller foi ministro da Agricultura de Dilma”

Neri Geller, ex-secretário de Política Agrícola, em depoimento na Comissão de Agricultura da Câmara.| Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Confesso que o depoimento de Neri Geller – demitido do cargo de secretário nacional de Política Agrícola por causa do escândalo da importação do arroz – na Comissão de Agricultura da Câmara me frustrou. Pensei que ele faria revelações sobre o leilão, mas ele falou mais sobre o processo de importação, que já era uma ideia do governo em janeiro, muito antes da enchente: importar arroz para baixar o preço.

Mas então veio a safra recorde do Rio Grande do Sul, parcialmente frustrada por causa da enchente – mas já tinham colhido 7,3 milhões de toneladas. Somando com o arroz do sequeiro, do Centro-Oeste, dava para abastecer o país todo e exportar as sobras. Então, a ideia de intervir no mercado comprando arroz se tornou inócua. Mesmo assim, ele contou, fizeram um leilão. A ideia veio da Casa Civil da Presidência da República e do Palácio do Planalto – ou seja, do ministro Rui Costa e do presidente Lula.

Geller ainda disse que o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro – que vai depor nesta quarta-feira, na mesma Comissão de Agricultura da Câmara –, mandou dizer que ele seria demitido, e ele ainda teria de dizer que foi a pedido. Geller respondeu que isso ele não aceitava. Tentou falar com o ministro, mas não foi recebido. Então, ele disse: “me escolheram para me demitir”. Ou seja, foi o bode expiatório disso tudo. Argumentaram que a pessoa que organizou o leilão havia sido indicada por ele.

Só para lembrar, Geller foi ministro da Agricultura de Dilma. E o responsável pelo leilão, o diretor de Operações da Conab, está em licença remunerada de sete dias. Volta dia 21, ficou uma semana inteira de licença, decerto pensando em deixar o assunto esfriar.

 

 

 

 

Por Alexandre Garcia, colunas sobre política nacional publicadas de domingo a quinta-feira.

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