É a mesma coisa. E aí está valendo para cá também o que diz o jornal e o ex-procurador-geral dos Estados Unidos. Escreve Alexandre Garcia.
15/07/2024 05:47
“Acusam lá Trump e acusam aqui Bolsonaro”
A reforma tributária foi aprovada a toque de caixa na Câmara: muita gente votou sem saber no que estava votando. Está no Senado agora. Queriam que já resolvesse tudo antes das férias legislativas, mas o Senado não topou essa pressa e faz muito bem esperar. Porque afinal o Senado tem a responsabilidade de ser a Câmara revisora.
Ao que consta para os entendidos em assuntos tributários, é um caos. A pretexto de evitar a guerra fiscal, por exemplo, está se tirando a autonomia de municípios e estados, ou seja, está se acabando com a Federação. Vira república unitária na parte fiscal, na parte tributária, fica a União com todo o poder de distribuir o dinheiro.
É prefeito de bandeja na mão, governador de bandeja na mão. Se está dependendo de finanças, depende também politicamente. E aí corta a ideia de ser uma República Federativa e machuca feio, fere gravemente, a democracia.
Risco de ter o maior imposto agregado do planeta
Além disso, a pretexto de diminuir o número de impostos, é para facilitar a cobrança dos impostos. O eufemismo diz o seguinte: aí fica mais fácil de pagar e fica mais fácil de cobrar mais. Mais carga fiscal. É isso que vai acontecer.
Mudam os nomes, estão trocando cinco por três, só que na verdade é seis por meia dúzia. E talvez pior. Talvez não, certamente vai piorar a carga fiscal. Já está se anunciando que do jeito que está, o valor agregado do imposto vai ser o mais alto do planeta Terra, ultrapassando a Hungria, que é a campeã com 27%.
Então é um engodo e é preciso que vocês alertem os seus senadores que estão a serviço dos estados brasileiros. Cada estado tem três senadores representando. Então, quais são os interesses dos estados e dos municípios?
Atentando contra Trump: como no Brasil, vítima é acusada
Eu queria mencionar de novo o caso Trump, que mencionei no meu canal no YouTube, porque há uma lembrança feita pelo ex-procurador-geral dos Estados Unidos, que foi endossada pelo Wall Street Journal. Que diz o seguinte: os democratas têm que parar com essa conversa grosseiramente irresponsável sobre Trump ser uma ameaça existencial à democracia. Ele não é.
É a mesma coisa que no Brasil. Terrível coincidência. É Adélio Bispo aqui com uma faca e lá o Thomas Crooks com um Fuzil AR15. E a coincidência é acusar a vítima do atentado de ser contra a democracia, de ser um perigo para a democracia, de ser fascista, de ser isso, de ser aquilo.
Acusam lá Trump e acusam aqui Bolsonaro. É a mesma coisa. E aí está valendo para cá também o que diz o jornal e o ex-procurador-geral dos Estados Unidos. Parar com essa conversa grosseiramente irresponsável, dizendo que a pessoa é uma ameaça existencial à democracia e não é. É exatamente o contrário.
Como o serviço secreto não viu homem no telhado?
O jornal chega a elogiar a reação de Trump depois do tiro que só não pegou nele porque ele virou a cabeça. Um calibre 5.52, que é igual ao 22 de um Fuzil AR15, que acabou matando um bombeiro que estava atrás, que estava protegendo as duas filhas. Um bombeiro de 50 anos. Feriu gravemente outra pessoa, antes que o atirador de 20 anos fosse abatido pelo serviço secreto. Mas conseguiu rastejar em cima de um telhado com uma visão do palanque livre na frente dele. Como é que o serviço secreto não viu isso?
Hoje em dia é fácil por satélite e mais ainda por drone perceber quais são as visadas de um alvo potencial, de onde se pode atirar diretamente num alvo potencial. O serviço secreto não viu isso. A gente ouviu vários tiros e os tiros finais já eram do serviço secreto, parecia que já sabiam onde o sujeito estava. Tudo muito, muito estranho.
Para encerrar, queria mencionar que nós tivemos aqui também algo que pode ter sido um atentado político. Esse ex-deputado Márcio Camargo, lá de Cotia, que recebeu dez tiros de um assaltante. Um assaltante não dá dez tiros no dono da casa. O assaltante dá um tiro ou dois nos cachorros e foge. Dois assaltantes no quintal da casa esperando que ele abrisse a porta. Muito estranho, ele é coordenador da campanha de Pablo Marçal. Vamos ver a que ponto chega a investigação. Ele recebeu um tiro na perna e precisou de cirurgia.
Por Alexandre Garcia, colunas sobre política nacional publicadas de domingo a quinta-feira.