Eu não sei o que tem a ver, mas precisavam de um nome para fingir que era algo novo, que era positivo, e é negativo. Esse é o recorde. Escreve Alexandre Garcia.
29/07/2024 12:04
“Arcabouço é infra ou uma superestrutura de uma construção”
Recorde brasileiro de déficit público. Imaginem que o governo anterior deixou um superávit no fim do período de quatro anos em que teve a pandemia que mandou fechar tudo, se esconder em casa, não produzir, não trabalhar, não fazer nada para não morrer, mas sobrou R$ 54 bilhões.
Agora, é uma sucessão de déficits recordistas para o mês. Cada mês que vem é um recorde. O último recorde foi de junho, R$ 38,8 bilhões de déficit, de mais gastos em relação à arrecadação. Já está uma soma de R$ 260,7 bilhões.
Por isso que o ministro da Fazenda só quer taxar, quer equilíbrio. Mas acabou. Bom, tinha teto de gastos desde o governo Temer. Derrubaram o teto inventando uma palavrinha, não sei por que, arcabouço.
Arcabouço é infra ou uma superestrutura de uma construção. Eu não sei o que tem a ver, mas precisavam de um nome para fingir que era algo novo, que era positivo, e é negativo. Esse é o recorde.
Maduro, suas polícias e suas perseguições
Eu não sei nenhum resultado da eleição [venezuelana], nenhum número de votos, nenhuma contagem, não tenho bola de cristal, impossível prever, mas o que eu vi foi que, parodiando [Winston] Churchill, baixou sobre a Venezuela uma cortina de ferro, impedindo o eleitor de entrar. Fora da Venezuela, eu calculei que tem, no mínimo, 4 milhões de eleitores, algo assim.
Tem 3 milhões de venezuelanos na Colômbia. Na Argentina tem alguns milhares, mas só uns poucos são autorizados a votar. Aqui em Brasília, o eleitor venezuelano foi mantido fora da embaixada, não pôde entrar para votar, votou na rua. E lá na Venezuela, a gente vê a ação da polícia o dia inteiro. Polícia batendo, polícia empurrando, porque encontram locais de votação fechados e as pessoas querendo votar.
Claro que todo eleitor que está no exterior, fugido da ditadura de Maduro, vai querer votar contra Maduro, votar no embaixador Edmundo González. Aliás, ontem, eu fui a uma missa pelo embaixador Edmundo González.
Eu fico imaginando, digamos que Maduro seja derrotado, mas ele só vai entregar o poder seis meses depois. É muito tempo. Em seis meses a Guiana vai atacar a Venezuela. A tropa está toda lá na fronteira, blindados russos, e aí é só inventar que fomos atacados, a honra da Venezuela está em jogo e vamos à guerra, estado de sítio, claro, e aí Maduro não sai. Essa é uma possibilidade que eu estou fazendo aqui, é pura especulação.
Outra coisa é essa história de insegurança da urna, mantendo eleitores distantes. Ele não está com a maioria de jeito nenhum.
E há um medo generalizado de ele perder… Vai todo mundo para a cadeia por tudo que foi feito: agressões aos direitos humanos e à lei, tráfico, corrupção.
Onde já se viu uma das maiores potências petrolíferas do mundo ter que importar petróleo. Isso é o retrato da incompetência, incapacidade, incapacidade do sistema, do regime.
Esse sistema foi aplicado na União Soviética por 70 anos com poderes divinos e não funcionou, quebrou. Como é que vai funcionar na Venezuela ou na Nicarágua ou em Cuba? Nunca funcionou. É mantido lá na China? Sim, funciona, porque misturou com o capitalismo. Capitalismo de Estado, mas é um capitalismo.
Hezbollah atirou para matar os meninos drusos e dar um aviso
Por último, eu queria falar sobre esse foguete que parece que veio do Hezbollah, um pouquinho da retaguarda do sul do Líbano, e que atingiu uma quadra de esporte em que jogavam adolescentes.
Foram mortos 12 meninos drusos. O povo druso é, digamos, uma ramificação do islã, mas eles não aceitam conversão nem para eles nem para fora, nem casamento que não seja entre drusos. Então, eles se mantêm e decidiram defender Israel lá no norte.
Os pais desses meninos, muitos deles estavam defendendo Israel, patrulhando contra o Hezbollah. E aí o Hezbollah atirou para matar os filhos e dar um aviso. É muita crueldade.
Por Alexandre Garcia, colunas sobre política nacional publicadas de domingo a quinta-feira.