Lembrando que a censura nunca foi, de fato, para coibir mentiras, mas sim verdades inconvenientes àqueles no poder. Escreve Rodrigo Constantino.
13/08/2024 07:34
“O The Cleaner tem que realizar seu trabalho sujo”
No memorável filme de Tarantino, Pulp Fiction, há o personagem sombrio conhecido como The Cleaner, interpretado por Harvey Keitel. Winston Wolfe era seu nome, e ele surgia apenas na hora de limpar a bagunça deixada pelos comparsas criminosos. Alguém tem sempre que fazer o dirty job, não é mesmo? Confesso que lembrei imediatamente dele ao ler a notícia de que Alexandre de Moraes fala em “lavagem de notícias fraudulentas”.
O ministro todo-poderoso do STF quer a remoção imediata de conteúdo “falso”, num processo que abre inclusive a possibilidade de responsabilização da imprensa por entrevistas. O Ministério da Verdade segue a todo vapor no Brasil, que abandonou faz tempo qualquer apreço pela liberdade de expressão. Lembrando que a censura nunca foi, de fato, para coibir mentiras, mas sim verdades inconvenientes àqueles no poder.
A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, lançou, nesta terça-feira (6), um disque-denúncia para que eleitores comuniquem desinformação nos pleitos de outubro. O número 1491 estará em funcionamento a partir da quarta-feira (7), segundo a ministra.
Ou seja, um fala em lavagem, dando a entender que é um crime tipo lavagem de dinheiro espalhar fake news, e a outra fala em disque-denúncia, como se fosse um crime terrível tipo sequestro ou abuso infantil. E, desnecessário lembrar, não há nenhum crime tipificado nas leis nacionais sobre mentiras ainda. O crime de opinião foi criado de cima para baixo, sem o Congresso, por ministros que, cá entre nós, não são associados ao ápice da honestidade e sinceridade.
Isso sem falar, claro, do viés: é como se esquerdista não espalhasse mentira alguma! Não há um só petista incluído em inquérito de Fake News ou de milícias digitais. Nem mesmo Janones! O escândalo daquela agência e várias páginas ligadas ao PT passou batido também. O “gabinete da ousadia” tem salvo-conduto.
A parcialidade está escancarada, o sistema age de forma arbitrária para perseguir uma linha ideológica apenas. O The Cleaner tem que realizar seu trabalho sujo: limpar a democracia relativa do Brasil expurgando os conservadores. Os tucanos que fizeram o L para “salvar a democracia” ao lado dos maiores bajuladores de tiranos do mundo devem estar felizes: poderão voltar a ocupar o espaço da direita, mesmo sendo esquerdistas e cúmplices de comunistas.
Por Rodrigo Constantino, economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.