Quando ele cisma, vale tudo, até dedo nos olhos, mordida e puxão de cabelo. Quem precisa de regras, de atuação dentro das leis? Escreve Luís Ernesto Lacombe.
18/08/2024 10:41
“Quando Alexandre de Moraes cisma, nada o detém”
É uma enxurrada de ilegalidades, inconstitucionalidades, arbítrios, abusos… Desde o início da ditadura – que não foi implementada por Jair Bolsonaro, mas contra ele –, é tudo muito descarado. Inventaram essa historinha de “defesa da democracia”, de combate à “extrema direita”, a “radicais”, a “golpistas”… Inventaram que estão combatendo “fake news”, “desinformação”, “desordem informacional”, “discurso de ódio”, “atentados à democracia e às instituições”, sem que ninguém possa explicar o que é isso tudo. São os tiranos que definem os conceitos, vagos, falsos, inexistentes… E eles não aceitam oposição. Qualquer um que os critique sabe que está em perigo.
Já faz tempo que o Brasil é arrastado para o abismo, com inquéritos ilegais desde a origem, intermináveis, secretos, sem objeto definido, com alvos escolhidos a dedo, apenas um grupo. Não importa se os perseguidos não têm foro privilegiado, é tudo na instância máxima, com ministro do STF sendo vítima, acusador, investigador e “juiz”. Os advogados dos perseguidos são impedidos de trabalhar, não têm acesso aos autos, não podem se manifestar, não têm como defender seus clientes, vítimas reais. Há pelo menos cinco anos, ritos jurídicos são atropelados de forma escancarada, e os absurdos são tratados como atos de valentia contra “demônios”.
E não acaba, não acaba… Agora, há mais seis gigabytes de “embaraços” para Alexandre de Moraes, para todo o Supremo Tribunal Federal. “Embaraços” é uma das palavras usadas por um jornal que já foi importante, é mais uma prova da cumplicidade com a tirania dessa imprensa que desistiu de ser imprensa. Os “mestres” do eufemismo falam em “controvérsia jurídica” e “resgate do ambiente de normalidade”, agora que os “golpistas” caíram… “Nós derrotamos o bolsonarismo”, gritou Luís Roberto Barroso num congresso dos comunistas da UNE. Os ex-jornalistas não viram nada de mais nessa atuação política de um ministro do STF, praticamente não falaram do assunto.
Impossível lidar com um jornal que já teve relevância e começa um editorial assim: “Não resta dúvida sobre o papel fundamental para a defesa da democracia brasileira que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, desempenhou quando presidiu o TSE durante as eleições de 2022”. Alguém pode me explicar como se “defende a democracia” desrespeitando a Constituição, as leis do país? Não houve nem equilíbrio na campanha presidencial. A corte eleitoral inventou um Lula “limpinho”, contra o aborto, contra as drogas, contra a bandidagem, contra ditadores mundo afora. Bolsonaro era o “capeta”, a ameaça, o ditador se engraçando.
Alexandre de Moraes “salvou a democracia brasileira”, agindo extraoficialmente, movido pelo ódio, pela ira. A imprensa velhaca chama esses movimentos de “heterodoxia procedimental”, “atitudes esquisitas”, tentando abrandar o que é gravíssimo, imperdoável… Repressão total, censura, bloqueio de contas bancárias, quebra de sigilos, cancelamento de passaportes, multas exorbitantes, prisão. Não importa se é período eleitoral ou não. Quem tomou o poder decide o que é legal e o que é ilegal. Isenção e neutralidade foram extintas. Proteste contra isso, lute pelo que é certo, e o preço a pagar pode ser alto.
Quando Alexandre de Moraes cisma, nada o detém. Quando ele cisma, vale tudo, até dedo nos olhos, mordida e puxão de cabelo. Quem precisa de regras, de atuação dentro das leis? Um segurança particular do ministro pode fazer um pedido informal para que o TSE acesse dados sigilosos da polícia de São Paulo. São permitidas manobras para “disfarçar a origem das demandas…” Tudo para produzir relatórios do jeitinho que o ministro do STF quer. Falsidades documentais, “provas criadas”, desavergonhadamente defendidas por aqueles que se declaram “heróis”.
Os assessores de Moraes, reservadamente, entre eles, claro, assumem o constrangimento por forjar relatórios e usar a “criatividade” para perseguir quem Alexandre de Moraes aponta. E a imprensa fajuta agora fala em “debate jurídico salutar”, para “botar tudo no devido lugar”. Num país com debate interditado, com tiranos impondo a todos aquilo que consideram a verdade, é preciso ser muito trouxa, ou desonesto, ou omisso, ou cúmplice dos horrores para insistir nessa historinha. É preciso “resgatar a postura de comedimento do Judiciário, resgatar o clima de normalidade no país…” Os canalhas dizem que “não há mais ameaça alguma…” Eles ignoram as leis quando lhes interessa e querem que as leis sejam cumpridas, quando acham que é hora.
A imprensa que restou nunca tolerou o Supremo metido em política, tomando decisões políticas, por razões políticas e com objetivos políticos. Na presidência, Bolsonaro teve no STF seu maior adversário, aquele que fez de tudo para impedi-lo de governar. Nunca um presidente encontrou tantas barreiras ilícitas impostas pelo Judiciário. E a imprensa ordinária ficou do lado errado, fingindo que o inaceitável é para o nosso bem. Igualzinho ao Rodrigo Pacheco, que nunca enfrentou os desmandos do Supremo… E está, de novo e principalmente, nas mãos do presidente do Senado defender o Brasil de verdade. Depois, Pacheco deveria realmente se retirar da vida pública e passar o resto de seus dias em penitência, esperando a remissão de seus pecados.
Por Luís Ernesto Lacombe é jornalista e escritor. Por três anos, ficou perdido em faculdades como Estatística, Informática e Psicologia, e em cursos de extensão em administração e marketing. Não estava feliz. Resolveu dar uma guinada na vida e estudar jornalismo. Trabalha desde 1988 em TV, onde cobriu de guerras e eleições a desfiles de escola de samba e competições esportivas. Passou pela Band, Manchete, Globo, Globo News, Sport TV e atualmente está na Rede TV.