O IPCA, que mede a inflação, já saltou e não tem como usar o argumento de que a taxa Selic não poderia ser aumentada em 0,5 pontos percentuais. Escreve Alexandre Garcia.
13/11/2024 08:11
“A picanha ficou inalcançável porque tudo está subindo 7%, 9%, 10%.”
Esta é a semana da decisão sobre os cortes. Era na semana passada. É uma manhã que nunca chega. Todos os dias dizem: amanhã vamos cortar. O pior é que enquanto não cortam as despesas públicas, os cortes bovinos estão subindo. A picanha ficou inalcançável porque tudo está subindo 7%, 9%, 10%.
O IPCA, que mede a inflação, já saltou e não tem como usar o argumento de que a taxa Selic não poderia ser aumentada em 0,5 pontos percentuais. Está em 11,25% agora. É dever do Banco Central proteger a moeda porque a inflação é o imposto mais injusto que existe porque só cobra do pobre. Quem tem dinheiro aplicado está protegido da inflação. Quem aplica na poupança não, pois a inflação está acima da poupança.
O dólar está lá em cima e vejo manchete do jornal dizendo: eleição de Trump fortalece o dólar, mas beneficia o agro. Isso é um erro do editor. Não tinha que ter “mas” e, sim, um “e”. Fortalece o dólar e beneficia o agro, mas ele não quer que o agro seja beneficiado. Ato falho do editor de notícias internacionais de um jornal.
Então, estamos esperando. Há ministros que disseram que pediriam demissão se tiver corte. O Lupi, da Previdência, e o Luiz Marinho, do Trabalho. Não sei se vão cair fora mesmo por causa disso. O Lupi tem uma história bonita. Ele era dono de uma banca de jornal que arranjava todos os jornais de Porto Alegre para o Brizola, que morava no hotel na Prudente de Morais, o Everest. O Brizola estava formando o PDT, convidou o Lupi, que entrou no PDT. Acabou virando presidente do partido, ministro, político.
G20 promete caos no Rio de Janeiro
Lula está liberado e vai para o Rio, para o G20, nos dias 18 e 19. Segunda e terça-feira que vem, dois dias de caos porque será no centro do Rio de Janeiro, no Museu de Arte Moderna, do lado do aeroporto Santos Dumont, que vai ficar fechado. Eles vão transferir tudo para o Galeão, que, de repente, vai receber um outro aeroporto. O Galeão estava vazio com poucos voos, estava com capacidade ociosa. Mais o perigo da periferia, a Avenida Brasil, a Linha Vermelha, a Linha Amarela. Vai ser o caos no Rio de Janeiro.
Lula ataca Trump; Janja mira ex-presidentes
A primeira-dama, mulher do presidente, ganha notoriedade por tudo que diz. O que ela faz tem repercussão. Eu vi um vídeo em que ela está inaugurando uma área do Palácio que foi recuperada por causa da invasão do 8 de janeiro, depois que alguns bárbaros estragaram e quebraram o patrimônio deles próprios – porque eu sou dono daquele relógio, por exemplo, e vocês também. Na sala em que se mostra a fotografia dos ex-presidentes, eu não sei a quem ela se referia, mas ela fez uma brincadeira, dizendo que tinha gente que não deveria estar ali.
Eu não sei se eram aqueles que foram eleitos, exatamente, como foi eleito Tancredo Neves ou se ela referia a última ou a outra eleição. O fato é que é dispensável e ainda publicam isso. É incrível a desfaçatez, assim como a do próprio presidente. Imagina, por exemplo, o presidente do Brasil chamar o Trump de fascista e nazista. É uma acusação gravíssima, é uma ofensa gravíssima e ele é chefe de Estado, ele não se dá conta que está dizendo isso como chefe de Estado.
A presidente do PT talvez pudesse dizer, ela é presidente de um partido político, mas ele é o presidente do Estado brasileiro, é diferente. A gente fica pensando quais seriam as consequências disso, porque eu soube que o Eduardo Bolsonaro teria mostrado essa gravação para o Trump na Flórida.
Vamos ver, o futuro a Deus pertence. Está cheio de gente, eu não faço parte desse grupo que tem bola de cristal, jornalistas que têm bola de cristal e fazem projeção do futuro. Eu não arrisco porque aqui nesse país, como disse o Pedro Malan, até o passado é imprevisível.
Por Alexandre Garcia, colunas sobre política nacional publicadas de domingo a quinta-feira.