Editorial – O pior prefeito da história de Cuiabá

O fim parece triste para Emanuel Pinheiro, ainda que na visão da esmagadora maioria, esse fim seja merecido. Mas, triste mesmo é a colheita da população.

04/01/2025 05:21

Emanuel conseguiu ludibriar pontualmente a população cuiabana no seu primeiro mandato

Divulgação/Reprodução.

Ano de 2016, Emanuel Pinheiro vence Wilson Santos na disputa pela Prefeitura de Cuiabá. Ninguém poderia imaginar o que estaria por vir para a sofrida capital mato-grossense pós Copa do Mundo, a qual deixou rastros de destruição por toda a cidade verde que já não era mais “verde”. 

Tão logo assumiu, Emanuel recebeu uma prefeitura do então governador Mauro Mendes, prefeito à época, com superávit orçamentário, contas equilibradas e folha salarial em dia com servidores de todas as pastas. Não é por menos que, Mendes saiu da prefeitura com uma aprovação entre 75% e 79%, a depender do instituto de pesquisa e suas metodologias. 

Infelizmente Emanuel Pinheiro não seguiu as diretrizes do seu antecessor. Não só não seguiu, como veio a entrar em rota de colisão politicamente, o que desencadeou uma série de consequências administrativas para a capital. 

Em meio a uma gestão de ações cada vez menos republicanas, com inúmeras suspeitas de irregularidades, o Governo do Estado passou a monitorar os repasses dos recursos públicos, agravando ainda mais a crise entre os dois executivos. 

Com o advento da pandemia da Covid-19, o então prefeito e o governo do estado voltaram a medir forças sobre medidas sanitárias à serem tomadas em prol da população. A prefeitura que estava sendo abastecida com recursos federais, “deitou e rolou” em contratos emergenciais. A farra foi imensurável. Os danos, incalculáveis. E a população à deriva com ações paliativas, maquiadas pela prefeitura, longe de qualquer eficiência, tampouco resultados. 

Após o encerramento do período “pandêmico”, a cidade entrou em um colapso lento e contínuo. Tão lento que a população quase que não se atentava para o pior que estava por vir: uma série de operações policiais, revelando dezenas de fraudes e irregularidades na gestão municipal, em especial na pasta da Saúde. 

Então o Governo do Estado entra em ação estadualizando a tradicional Santa Casa de Misericórdia, transformando em Hospital Estadual Santa Casa, após escândalos envolvendo a diretoria com recursos do município, do estado e da federação.

Em não muito tempo depois, o Estado realiza por ordem e determinação conjunta de instituições como Tribunal de Justiça e Tribunal de Contas, uma intervenção na Saúde Municipal, onde literalmente um abismo de corrupção havia se instalado como um ‘câncer’. 

Desde então, o prefeito Emanuel Pinheiro veio se dilacerando politicamente. E apesar de dois afastamentos por ordem judicial, só não teve o mandato interrompido por conta da grandeza da blindagem dos seus pupilos na Câmara Municipal. Cães fiéis. A fidelidade canina da maioria daquele parlamento com as atrocidades administrativas do prefeito, chegou à beira da admiração coletiva. Sem contar as habilidades de manobras na esfera judicial, tanto estadual como federal. O vice, José Roberto Stopa fazia deferência “ele é ninja”. 

Emanuel Pinheiro encerra seu ciclo político com uma salva de vaias na entrega da faixa, um detalhe inédito para fechar com chave de “ouro” seu tão lastimo legado administrativo, político e pessoal. 

Ainda que possa estar enterrado politicamente, infelizmente a justiça não será feita com as incontáveis improbidades administrativas executadas friamente por Pinheiro. 

Ninguém está acreditando que Emanuel Pinheiro será responsabilizado pela catástrofe, pela destruição, pelos rombos ocorridos durante sua administração. 

O fim parece triste para Emanuel Pinheiro, ainda que na visão da esmagadora maioria, esse fim seja merecido. Mas, triste mesmo é a colheita da população desses últimos 8 anos. Triste é o atual prefeito Abílio Brunini deparar com tantos problemas e ter que adiar ações prometidas em campanhas para sanar os gravíssimos gargalos do seu algoz e antecessor. 

Que o atual prefeito consiga reunir capacidade e competência para tão logo reestabelecer o equilíbrio das contas públicas e poder apresentar suas primeiras ações e intenções concretas à população que aguarda, ansiosamente por uma nova era para Cuiabá e assim, não só virar a página, mas sim, fechar o livro de um tempo sombrio a qual todos presenciaram o pior prefeito da história de Cuiabá. 

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