Pelo levantamento do FMI, a dívida pública federal é hoje de 86,8% do PIB. Para um país emergente como é o Brasil, isso é terrível. Escreve Alexandre Garcia.
11/02/2025 06:14
“Estão todos falando da taxação do aço”

Dívida pública está em 76% do PIB nas contas do Banco Central e 86% de acordo com o FMI; critérios de cálculo são diferentes. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Os preços estão subindo e o boletim Focus – em que o Banco Central ouve mais ou menos 100 instituições do mercado financeiro – prevê inflação subindo bem acima da meta. Neste ano de 2025, a previsão até está baixa: 5,58% de IPCA. E o crescimento econômico será de 2%, o que é pequeno.
O que está crescendo com força, isto sim, é a dívida pública federal. O governo gasta muito. O Banco Central faz um cálculo que deixa fora da dívida pública os títulos do Tesouro que estão em poder do Banco Central. Teoricamente, como o governo é o próprio credor do governo, não teria problema, não conta. O levantamento do FMI é diferente. Pelo levantamento do FMI, a dívida pública federal é hoje de 86,8% do PIB. Para um país emergente como é o Brasil, isso é terrível. Os números do Banco Central falam em 76% do PIB, uma diferença de 10 pontos porcentuais. Em valores, a dívida está em R$ 8,9 trilhões. Está muito perto do total do nosso PIB.
E se os americanos ouvirem o Lula e pararem de comprar nosso aço?
Estão todos falando da taxação do aço. O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de aço, exportamos quase 10 milhões de toneladas por ano, o que dá quase US$ 8 bilhões. Metade do aço brasileiro é exportado para os Estados Unidos; imaginem se a indústria automobilística americana, que compra o aço brasileiro, resolve ouvir o Lula, “se estiver caro não compre”. O aço brasileiro está 25% mais caro? Então não vamos comprar mais o aço brasileiro. Imaginem se levarem isso ao pé da letra, como tanta gente está dizendo “a eletricidade ficou cara, eu não vou pagar mais a eletricidade, vou comprar de outro”. Mas quem me vende outra eletricidade? São esses problemas que temos por aqui.
Até o presidente da Câmara diz que preço alto é culpa do governo
Agora o próprio presidente da Câmara dos Deputados, deputado Hugo Motta, está explicando o que todos já sabem: preço alto não é culpa do supermercado, é culpa do governo. O governo que desvaloriza a moeda, gastando demais, se endivida, puxa o juro para cima, e todos têm de pagar mais juros por causa disso. O governo atrapalha quando deveria ser o servidor da nação. O governo existe para servir a nação, e não para atrapalhar, nem para empobrecer a nação. Quando o governo causa inflação, ele está empobrecendo a nação. O dinheiro que está no bolso dos cidadãos se desvaloriza.
Governo que prometeu “fome zero” em 2003 continua tentando até hoje
Esse governo que está aí, aliás, é o mesmo que em 2003 falava em “fome zero”. Mais de 20 anos depois, se olharmos os lugares que estão abaixo da linha de pobreza, é muita coisa. Agora, a primeira-dama e o ministro Wellington Dias vão para Roma para tentar que o Brasil vença a eleição da tal Aliança Global de Combate à Fome. Desde 2003 estão nisso e ainda não conseguiram; já o Milei conseguiu, em um ano, mudar a economia da Argentina.
Por Alexandre Garcia, colunas sobre política nacional publicadas de domingo a quinta-feira.