Opinião – O recado foi dado: anistia já!

O Brasil precisa virar essa página de vez, tentar alguma pacificação e resgatar as instituições democráticas. Isso só será possível com a anistia dos presos políticos. Escreve Rodrigo Constantino.

07/04/2025 10:18

“…o fim da censura e o enterro definitivo dessa narrativa do golpe que nunca aconteceu.”

Milhares de pessoas se reuniram na Avenida Paulista para o ato pró-anistia convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Gabriel Fidalgo.

Em ciências humanas, não temos laboratórios controlados como nas ciências naturais. O mais perto que chegamos disso é quando um mesmo povo numa mesma geografia e com a mesma cultura é dividido de forma arbitrária. Aí temos um bom experimento social, como quando o Vietnã, a Alemanha ou a Coreia foram partidos ao meio. Ficou claro o sucesso relativo do capitalismo frente ao socialismo.

O mesmo pode se dizer sobre manifestações contra e a favor da anistia aos presos políticos do Brasil de hoje. O contraste é grande demais para ser ignorado. Foram dois protestos bem próximos no tempo. A esquerda convocou aqueles que gritam “Anistia nunca”, os mesmos que defendem o socialismo fracassado e que, no passado, foram anistiados por crimes verdadeiros. Boulos era o líder, e foi uma manifestação bastante vazia.

A direita, sob a liderança de Jair Bolsonaro, fez a sua manifestação pela anistia dias depois, no mesmo local. A Avenida Paulista estava lotada, com muito mais gente. A turma de Artes da USP – e não de estatística – pode até tentar jogar para baixo o número de presentes, com auxílio do Datafolha e da Globo, mas todos sabem o que viram: era um mar de gente, sem mortadela, lotando quarteirões inteiros da avenida mais famosa de São Paulo. Nem dá para comparar com as moscas isoladas do evento esquerdista.

A mesma Globo tenta nos convencer de que a anistia não é uma prioridade para o povo, mas as ruas mostram algo diferente. Além da multidão, oito governadores de estados importantes marcaram presença, além de vários senadores, deputados, vereadores e até o prefeito de SP, a cidade mais rica do país. Negar o peso, a relevância desse evento, com representantes de milhões e milhões de eleitores, é tentar tapar o sol com uma peneira ideológica.

A bolha foi furada pois não é mais um caso da direita, mas sim do Direito. Tanto que o símbolo maior é uma cabeleireira condenada por Alexandre de Moraes a 14 anos de prisão por usar um batom numa estátua! Isso num país que traficantes são soltos pelo STF, ou Sérgio Cabral, condenado a mais de 400 anos de prisão, segue solto como influenciador. O povo não aguenta mais tanto absurdo, tanta injustiça, então claro que a anistia é uma pauta prioritária.

Os discursos das lideranças políticas foram contundentes, firmes e diretos ao denunciar o arbítrio supremo. O STF foi longe demais em sua narrativa de tentativa de golpe, que nem ministro lulista acredita. Aliás, nem mesmo ministro supremo! Gilmar Mendes, falando para a imprensa de Portugal, deixou claro que não houve qualquer tentativa de golpe. Atos de vandalismo, comuns em manifestações esquerdistas, merecem punições bem distintas e menores. Os baderneiros socialistas, por sinal, sempre ficam impunes.

A pressão pelo projeto de anistia ficou maior após essa manifestação do domingo, com tantos políticos relevantes apoiando esse caminho. O presidente da Câmara tem sido chantageado em público, ameaçado pelo STF na cara de todos, mas sofrerá um custo político muito alto se tentar boicotar essa agenda. Todos estão de olho, inclusive lideranças americanas.

O Brasil precisa virar essa página de vez, tentar alguma pacificação e resgatar as instituições democráticas. Isso só será possível com a anistia dos presos políticos, o fim da censura e o enterro definitivo dessa narrativa do golpe que nunca aconteceu. O STF foi longe demais e precisa recuar. O Brasil não vai virar uma Venezuela. Eles podem até prender Jair Bolsonaro, mas está claro que o ex-presidente não está sozinho. E eles não sabem o que fazer com essa multidão que se recusa a se deixar intimidar pelos abusos supremos. Anistia já!

 

 

 

Por Rodrigo Constantino, economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.

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