Opinião – Fraude no INSS: o Estado que assalta o seu povo

Quem autorizou os débitos? Quem no INSS fiscalizava as entidades? Quem ganhou com isso? É fundamental que cada cidadão prejudicado busque seus direitos. Escreve Silvia Waiãpi.

02/05/2025 07:13

“Não se trata apenas um escândalo financeiro.”

Ao comentar os desvios do INSS, o ministro da Previdência, Carlos Lupi, disse ter “consciência muito tranquila”. Lula não comentou o escândalo até agora. (Foto: Fernando Bizerra/EFE)

Estamos diante de um dos episódios mais repulsivos já vistos na história da nossa Previdência Social. Milhares de aposentados, pensionistas e pessoas com deficiência – justamente os mais frágeis e dependentes da proteção do Estado – foram vítimas de um esquema de descontos indevidos em seus benefícios do INSS, que eram realizados automaticamente e sem o seu consentimento.

Esses valores, muitas vezes de R$ 30, R$ 60 ou até mais, eram repassados todos os meses para associações fantasmas e entidades “representativas” que ninguém conhece, ninguém autorizou e que, em muitos casos, sequer atuam de fato. É um assalto disfarçado de legalidade, promovido com a conivência de quem deveria proteger essas pessoas.

O que torna tudo ainda mais grave – e escandaloso – é que uma das entidades envolvidas no esquema do INSS é dirigida por um irmão do presidente Lula. Isso mesmo. Enquanto brasileiros humildes perdem parte de seu sustento, familiares do chefe do Executivo estão ligados diretamente à engrenagem dessa fraude institucionalizada.

O ex-presidente do INSS, agora exonerado, foi indicado por um ministro de Estado, o ministro da Previdência Carlos Lupi. Ninguém me convence de que esse esquema funcionava sem conhecimento superior. Ou sabiam – e foram cúmplices – ou não sabiam – e foram omissos.

Não se trata apenas um escândalo financeiro. Trata-se de um atentado à dignidade humana, à confiança institucional e à própria democracia. Por isso, a oposição já se mobiliza: estamos coletando assinaturas para criar uma CPI que vai apurar o esquema. Vamos convocar os ministros envolvidos, vamos exigir acesso aos contratos entre o INSS e essas associações e protocolar pedidos de informação sobre os repasses.

Quem autorizou esses débitos? Quem no INSS fiscalizava essas entidades? Quem ganhou com isso? Também é fundamental que cada cidadão prejudicado busque seus direitos. Exija o reembolso, denuncie, vá à Justiça. Você foi roubado – e o Brasil precisa saber disso. Não se rouba de um idoso. Não se tira de uma pessoa com deficiência. Não se lucra com o sofrimento do povo. O Estado que protege, é o Estado que respeita. O resto é violência – e nós vamos enfrentar.

 

 

 

Por Silvia Waiãpi é deputada federal pelo PL-AP

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