É hora de um novo capítulo na história da distribuição, e ele será escrito apenas por quem souber unir tecnologia com sensibilidade de mercado. Escreve Fernando Figueiredo.
09/06/2025 05:57
“Sinergia entre varejo e distribuição não é idealismo, é condição para a eficiência.”

Ilustrativa.
Agilidade, visibilidade e precisão nas decisões não são mais diferenciais, são requisitos básicos para sobreviver e crescer. Essa foi a principal mensagem da APAS Show 2025, o maior evento de alimentos e bebidas das Américas e um dos mais relevantes para o varejo e distribuição no Brasil. Em um ambiente cada vez mais competitivo e dinâmico, ficou evidente que a inteligência aplicada à operação deixou de ser uma aposta futura: hoje, ela é a base para decisões estratégicas e ações imediatas.
Mais do que novidades tecnológicas, agora vivemos no varejo um novo estado de espírito. Ficou claro, em diversos painéis e conversas, o quanto a informação confiável, diária e acionável passou a ser um ativo central. As empresas que conseguem transformar dados em respostas rápidas estão saindo na frente. E isso começa com uma mudança de postura: não basta ter acesso à informação, é preciso usá-la com propósito.
Em vez de soluções tecnológicas que funcionam de forma independente, estamos presenciando um movimento em direção a conjuntos de ferramentas e plataformas que conversam entre si. Inovar deixou de ser um diferencial competitivo para se tornar uma exigência de sobrevivência. A transformação digital que se busca hoje é profunda e exige mudança de mentalidade, preparo das equipes, disciplina no uso dos dados e, principalmente, clareza de propósito.
Estamos em um momento de transição. O perfil tradicional do vendedor, com sua experiência de campo, seu tato com o cliente e sua leitura intuitiva do mercado, continua sendo valioso. Mas agora ele começa a coexistir com um perfil mais analítico, orientado por dados, capaz de tomar decisões rápidas com base em evidências concretas.
O grande desafio, e talvez a maior oportunidade do setor, é fazer com que essas duas forças caminhem juntas. Isso não significa abandonar o conhecimento empírico que sempre moveu o varejo e a distribuição. Pelo contrário, significa colocar esse conhecimento a serviço de um modelo mais estruturado, preditivo e inteligente. É a união entre a sensibilidade de quem vive a operação e a precisão de quem interpreta os dados.
Sinergia entre varejo e distribuição não é idealismo, é condição para a eficiência. Dados da ABAD (Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores) indicam que o setor movimentou mais de R$ 330 bilhões no último ano. Mas o número, por si só, não conta a história toda. O que faz a diferença entre crescer e estagnar é a capacidade de responder rapidamente às mudanças de mercado, reconfigurar rotas com agilidade e entender a dinâmica do consumidor.
É hora de um novo capítulo na história da distribuição, e ele será escrito apenas por quem souber unir tecnologia com sensibilidade de mercado, dados com discernimento estratégico e inovação com entendimento real da operação.
Por Fernando Figueiredo é Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Mtrix, especialista em soluções para gestão de canais de distribuição, com ampla experiência no desenvolvimento e operação de serviços voltados a indústrias, redes de varejo e agentes de distribuição.