Opinião – Vem aí mais um pacote de “Taxxad”

Ninguém aprendeu com Margaret Thatcher que não existe essa de dinheiro público, “é do contribuinte”; nem com Milton Friedman “não existe almoço grátis”. Escreve Alexandre Garcia.

10/06/2025 05:52

“Quando o presidente faz caridade, usa o dinheiro do pagador de impostos.”

O ministro Fernando Haddad em evento da revista “Piauí”, no início de junho. (Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda)

Nenhuma surpresa: Fernando Haddad prepara mais um pacote fiscal para tirar dinheiro de quem paga impostos. Não vai tirar de quem sonega, nem de quem está só recebendo o imposto dos outros – estes estão achando graça.

O plano seria cobrar um imposto de renda mais alto sobre aplicações financeiras. Será um tiro no pé, porque as aplicações financeiras é que garantem essa dívida pública gigantesca, de R$ 7,6 trilhões, que só consegue ser rolada porque as pessoas estão comprando papéis do governo, por meio das aplicações. Se os brasileiros terão de pagar imposto – mais imposto, porque já pagam – para emprestar ao governo, fica bem esquisito, não?

Tudo isso é porque estão vendo que esse aumento do IOF não resiste. Estão desesperados, porque o governo gasta demais. O tal arcabouço fiscal era só propaganda, era para enganar vocês. A mim não enganou; mas enganou a mídia, que aprovou a medida. O que funcionava mesmo era o teto de gastos, que veio de Michel Temer. Ninguém aprendeu com Margaret Thatcher que não existe essa de dinheiro público, é dinheiro do contribuinte; nem com Milton Friedman, que dizia que não existe almoço grátis, alguém sempre vai pagar. Quando o presidente faz caridade, usa o dinheiro do pagador de impostos.

Lula diz bobagens em série sobre Rússia e guerra na Ucrânia

Falando em presidente, parece que ele não se dá conta de que é chefe de Estado. Em julho haverá reunião dos Brics no Rio de Janeiro, e Lula disse que é Vladimir Putin que decide se quer vir. Em 2023, Lula já disse que Putin poderia vir tranquilamente que não seria preso, porque não havia nenhuma razão para prendê-lo. Nesta segunda-feira, o Tribunal Penal Internacional disse que o Brasil, como signatário do Tratado de Roma, tem a obrigação de prender Putin. Se ele vier e não for preso, o Brasil será expulso, como mau cumpridor de cláusulas contratuais de um tratado. E aí perderá totalmente a seriedade dentro da comunidade internacional, só terá algum respeito dentro dos Brics.

Não foi só isso: na França, comentando a guerra na Ucrânia, ele disse que “acreditamos num cessar-fogo. Só quem não acredita é a Rússia e a Ucrânia”. Dá para captar alguma coisa? É como se ele estivesse dizendo “acredito que os dois farão as pazes, mas os dois não acreditam”. Quando um não quer, dois não brigam. Basta um não querer. Mas, se Lula está dizendo que os dois querem briga, como é que ele acredita em paz? Eu não consigo traduzir para vocês.

Gustavo Petro sai-se muito mal ao falar de atentado contra Miguel Uribe Turbay 

Quando falei aqui sobre o atentado contra o pré-candidato colombiano Miguel Uribe Turbay, eu disse que até o presidente esquerdista Gustavo Petro tinha condenado a ação. Mas agora vejo o rádio, a televisão, os comentaristas colombianos, e parece que não é bem assim. No sábado à noite, Petro falou de improviso por 45 minutos e soou até meio xenofóbico: a família Turbay é de origem libanesa, de imigrantes que foram para a Colômbia há quase 150 anos, e Petro chegou até a falar em árabe, meio para insinuar que foi um árabe que recebeu três tiros na cabeça. O presidente ainda falou do “grande comandante Chávez”, disse que o atentado era consequência do que os israelenses estão fazendo com os árabes na Faixa de Gaza, enfim, fez uma mistura danada.

Acho que Petro está despencando com isso; agora, os investigadores querem ouvir o sujeito responsável pela segurança dos pré-candidatos, que é muito ligado ao presidente, para saber por que não houve proteção, como é que um menino de 14 anos, armado, chegou perto de Uribe Turbay ponto de acertar três tiros na cabeça. O estado dele é gravíssimo, gravíssimo.

Isso é uma tragédia: Uribe é um jovem de quase 40 anos, e a mãe dele foi assassinada quando ele tinha 5 anos. E Petro teve a coragem de dizer que o avô de Uribe, quando era presidente da República, torturou 10 mil pessoas. O que ele tem que ver com o avô, se é que torturou mesmo? Isso é o típico ataque ad hominem: agredir a pessoa, os parentes, os irmãos, e não as ideias, os argumentos. Saiu-se pessimamente Gustavo Petro, presidente da Colômbia.

 

 

 

Por Alexandre Garcia, colunas sobre política nacional publicadas semanalmente.

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