Gleisi Hoffmann, chorosa diante do espelho, foi forçada a lembrar que quem tinha decidido pelo aumento da taxa de juros era Galípolo, a escolha petista. Escreve Rodrigo Constantino.
21/06/2025 10:50
“Gleisi lembrou que petistas nunca ruborizam quando mentem, pois mentir é seu ganha pão”

Gabriel Galípolo, presidente do BC, disse nesta segunda que será preciso conviver por um bom tempo com a taxa Selic no atual patamar – o maior em 19 anos. (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)
Roberto Campos Neto acordou, como de praxe, pensando numa única coisa: como boicotar o governo popular de Lula. Como um representante dos bancos, RCN não poderia permitir que o presidente dos pobres continuasse gastando recursos públicos como se não houvesse amanhã para ajudar os mais desvalidos. Era preciso fazer algo radical e drástico para sabotar tanto altruísmo. E o instrumento que os banqueiros possuem para esse tipo de sabotagem já é conhecido: a taxa Selic.
Campos Neto, com um sorriso mefistofélico no rosto logo pela manhã, sabia que seria capaz de convencer os demais do COPOM para colocar a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano, levando nossa taxa real (descontada a inflação) para a segunda maior do mundo!
Começou então a reunião, a Campos Neto utilizou todos os típicos “argumentos” da ladainha burguesa: gastos insustentáveis, nível resiliente de inflação, insegurança jurídica e perspectiva negativa da tendência fiscal. Não tinha jeito: os banqueiros não tolerariam um governo popular como o de Maduro no Brasil, usando o estado para beneficiar os pobres. Não haveria chuva de picanha e ponto final!
E foi assim que chegamos, então, a esta Selic de 15% ao ano. Foi quando estava nesse exato momento de seu sonho, digo, pesadelo, que Gleisi Hoffmann acordou e, chorosa diante do espelho, foi forçada a lembrar que, na realidade, quem tinha decidido pelo aumento da taxa de juros era o COPOM liderado por Galípolo, a escolha petista. Desesperada, a petista ensaiava como manter a narrativa sem ruborizar, como culpar Bolsonaro e o mercado pelo que o garoto do PT fizera.
Para sua sorte, Gleisi refrescou a memória com a lembrança de que petistas nunca ruborizam quando mentem, pois mentir é seu ganha pão, seu cotidiano. E, afinal, nunca faltavam idiotas úteis dispostos a cair em suas mentiras. Era só detonar os “rentistas”, atacar o “mercado”, e haveria até gente de “direita”, do Brasil à Austrália, disposta a embarcar no mesmo discurso surrado, só para não culpar o verdadeiro culpado: o governo perdulário e irresponsável de Lula.
Por Rodrigo Constantino, economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.