Escalada da violência sionista

05/08/2015 12:40

O desafio: quem iria se opor a um Estado onde os judeus pudessem ‘viver em paz‘ e curar suas dolorosas feridas

O mundo, através de diferentes redes sociais e de mídia, tem assistido as agressões do governo de Israel contra o povo Palestino na Faixa de Gaza. No momento em que a comunidade internacional que luta pelos direitos humanos clama pela suspensão dos ataques de Israel ao povo Palestino.

Na pauta, inclusive rompimento de relações diplomáticas, a vista de fatos ostensivamente violentos e polêmicos. Infelizmente, meus ídolos da Tropicália, Gilberto Gil e Caetano Veloso, aceitaram e fizeram um show recentemente em Israel, data festiva na agenda do país.

Em que pese qualquer outro motivo ou estratégia, é preciso repudiar veementemente esta vertente, que passa por cima dos intensos bombardeios sobre a Faixa de Gaza.

Um emblemático show de artistas brasileiros, quando servem de braço político para justificar e minimizar a violência perpetrada. Dessa forma, nossos artistas estariam de braços com Benjamin Netanyahu, chefe do Partido Conservador Likud, além de Primeiro Ministro.

Na agenda, a continuidade da invasão terrestre ao território Palestino. Os bombardeios já fizeram grande quantidade de vítimas, a maioria civis, dentre elas, mulheres, idosos e crianças. Para melhor compreensão, uma síntese da chamada ‘questão Palestina‘, desde a criação do Estado de Israel em 1948.

O significado disto, é trágico para o povo Palestino. O sionismo é uma corrente político-ideológica que sustentou a criação de um ‘Estado Moderno‘. Com uma frágil e falsa justificativa, afirmaram juntarem Israel ‘um povo sem terra‘, o judeu, e uma terra sem povo, a Palestina.

Isto não é verdadeiro, e assim justificaram os crimes cruéis cometidos pelo sionismo para desterrar e apagar o povo Palestino da história. Durante as primeiras décadas do século XX neste território, de maioria absolutamente árabe, foram chegando migrantes judeus europeus. Em 1945, ao fim da Segunda Guerra Mundial, isto acentuou-se.

Os judeus europeus vinham de um sofrimento genocida por parte dos nazistas(holocausto), que causou horror ao mundo todo. Este justo sentimento foi usado pelos EUA e Inglaterra em seus interesses de dominação (imperialismo), e pelos sionistas em benefício próprio.

O desafio: quem iria se opor à criação de um Estado onde os judeus pudessem ‘viver em paz‘ e curar suas dolorosas feridas? Por trás disto, as grandes potencias querem o controle do Oriente Médio, detentores de 1/3 das reservas petrolíferas do mundo.

Isto é de um valor estratégico muito grande e caro para os EUA, que apoiou-se em aliados como a Arábia Saudita. Frente à necessidade de ter um sólido apoio na região, escolheram como base ideal o Estado de Israel. Apesar do aumento da imigração dos judeus, os árabes continuaram sendo maioria no território.

A população palestino-árabe na época era de 1.300.000 habitantes, enquanto os judeus eram de 600.000.

A ONU outorgou a Israel 52% do território, e aos palestinos 48%. Com o agravante de que no território outorgado a Israel, os Palestinos eram também a maioria, com 950.000 habitantes.

Aí está o núcleo do grande problema a resolver: o que fazer com o povo Palestino que vivia nesta terra? A solução sionista foi a limpeza étnica, expulsando os palestinos de suas casas e de suas terras.

Criaram-se organizações sionistas (como Ergun e Leh), no cenário de ataques aos núcleos palestinos, {assassinando homens, mulheres e crianças}, como na aldeia de DeirYassin, perto de Jerusalém.

Foram 6 meses ininterruptos de violência, sob o beneplácito e apoio de grandes potencias (aí incluído o stalinismo), só ficando 138.000 palestinos no ‘território israelense’.

O resto já havia sido expulso pela força, partindo para o exílio em países árabes, especialmente Jordânia, Líbano e Síria. Ou, para regiões distantes como os EUA e países da América Latina e do Sul.

Assim, esse povo ficou dividido em três áreas: dentro das fronteiras de Israel, em Gaza e Cisjordânia, e os que partiram para o exílio. Eis aí a tragédia (Nakba) vivida por este povo, que luta pelo direito de recuperar seu histórico território.

Assim, a atitude de Gilberto Gil e Caetano Veloso destoa, aliás, frontalmente de suas histórias identitária no tempo de exceção aqui no Brasil. Inclusive na época da ditadura civil/militar, autoexilaram-se em Londres. Independentemente do público, um show artístico nestas condições, tornou-se braço de um ato político.

A cultura tem mais a ver com espaços de solidariedade e resistência! Não com a barbárie.

WALDIR BERTÚLIO é professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).  [email protected]

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