Lava Jato pode afetar o PIB em 2,5%, algo em torno de R$ 140 bilhões. Mas dá para amenizar, diz consultoria

11/08/2015 12:43

Os impactos diretos e indiretos da Operação Lava Jato na economia podem tirar R$ 142,6 bilhões da economia brasileira em 2015, o equivalente a uma retração de 2,5% do PIB (Produto Interno Bruto), segundo estudo da consultoria GO Associados antecipado ao G1.

Em abril, a consultoria estimava um impacto em R$ 87 bilhões. Recentemente, elevou a sua projeção para R$ 187,2 bilhões (o equivalente a 3,4% do PIB). Agora, o montante foi revisado para baixo, tomando como base o novo plano de negócios da Petrobras, que reduziu em 37% o volume de investimentos previstos entre 2015 e 2019, para US$ 130,3 bilhões.

“O impacto será um pouco menor, mas ainda muito significativo. No último cálculo consideramos uma redução de 42% nos investimentos da Petrobras”, explica Gesner Oliveira, professor da Fundação Getúlio Vargas e sócio da consultoria GO Associados, que distribui um relatório executivo semanal para assinantes e autoridades.

Na semana passada, o  ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, afirmou que é “evidente” que a Lava Jato tem impacto econômico, citando estudos de consultorias que apontam diminuição do Produto Interno Bruto (PIB) entre 1 a 3,5 pontos porcentuais.

Metodologia do cálculo

O cálculo da GO Associados procura estimar os efeitos derivados da Lava Jato na redução dos investimentos da Petrobras e do setor de construção de obras públicas, contabilizando as perdas no valor bruto da produção, nos empregos, nos salários e na geração de impostos.

A metodologia considera os efeitos do corte de gastos da petroleira sobre a cadeia de fornecedores, além de uma retração nos investimentos de empresas líderes do setor da construção civil que estão sob investigação, estimada em 30%.

O estudo estima uma queda de R$ 22,4 bilhões na massa salarial em 2015, uma diminuição de R$ 9,4 bilhões em arrecadação de impostos e uma perda de até 1,9 milhão de empregos.

“Infelizmente, o grosso das demissões ainda não ocorreu. Mas não acredito que no final do ano a gente tenha 2 milhões de empregos a menos no país. Há outros setores que vão expandir, apesar de todos os problemas”, avalia Oliveira.

No acumulado do 1º semestre, foram fechados no Brasil 345.417 postos com carteira assinada, segundo números do Ministério do Trabalho. A consultoria estima que o país deve fechar o ano com um corte entre 800 e 900 mil vagas.

Consultoria prevê queda de 1,5% do PIB

Apesar dos números assustadores, a consultoria afirma ter uma visão mais otimista do que a média do mercado.

“O exercício está dando uma perda de 2,5% do PIB, mas o PIB vai cair menos do que isso. Na nossa visão, a queda será de 1,5%”, estima Oliveira.

Os economistas ouvidos pelo Banco Central estima uma queda de 1,97% da economia neste ano, segundo o último Boletim Focus, que reúne expectativas coletadas junto a mais de 100 instituições. A previsão do governo é de uma queda de 1,49%.

“Dá para minimizar o custo da Lava Jato e maximizar o seu benefício. Apesar da crise política e dos problemas econômicos, há tanta demanda reprimida que ainda dá apetite para investimento em infraestrutura”, avalia o coordenador do estudo.

“A forma pela qual a Lava Jato vem sendo tocada, com excesso de publicidade e pouco critério na divulgação das delações, aumenta desnecessariamente o custo sobre emprego e produção”, acrescenta.

Programa de concessões pode minimizar prejuízos

Segundo a consultoria, se o programa de novas concessões for devidamente implementado, é possível atenuar o atual quadro recessivo e minimizar os impactos da Lava Jato no PIB. O Programa de Investimento em Logística (PIL) anunciado em junho prevê investimentos de R$ 69,2 bilhões entre 2015 e 2018.

“É evidente que a investigação de toda irregularidade deve ser feita. Mas, a questão central é conduzi-la de forma a maximizar seus benefícios em aprimoramento das instituições e minimizar seus custos em produção e emprego”, destaca Oliveira no editorial do relatório.

A consultoria alerta ainda que a “publicidade excessiva” das delações que ainda estão sendo investigadas tem “efeitos devastadores” sobre o valor das empresas e a disponibilidade de crédito, e que a paralização de obras tocadas por empresas investigadas gera custos e diminui a concorrência.

“Uma parcela deste prejuízo é inevitável diante do imperativo de conduzir uma investigação abrangente e minuciosa. Porém, parcela majoritária deste custo pode ser evitada se os devidos cuidados forem tomados. O objetivo deve ser o de proteger o emprego e, para tanto, a capacidade de investimento sem descuidar do rigor da investigação”, resume a consultoria.

Fonte.: G1

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