20/10/2015 02:39
A alta do dólar está sustentando os preços domésticos e compensando o ainda baixo patamar das cotações das duas commodities na bolsa de Chicago.
A comercialização antecipada das produções de soja e milho da safra 2015/16 continua acelerada em Mato Grosso, e quase metade das colheitas previstas já foi negociada pelos agricultores. A valorização do dólar, reforçada pelo repique de setembro que levou a moeda americana à casa dos R$ 4, continua a desempenhar um papel fundamental nesse rápido progresso da comercialização, na medida em que sustenta os preços domésticos e compensa o ainda baixo patamar das cotações das duas commodities na bolsa de Chicago.
Levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) indica que até o início de outubro 47,9% da soja que está sendo plantada no Estado e que será colhida apenas no início de 2016 já foi comercializada. No mesmo período do ciclo passado, o percentual era de apenas 15,9%. Da safra 2014/15, já colhida, resta pouco menos de 3% da oleaginosa a ser vendida.”O câmbio é que continua viabilizando essa conta, mantendo barata [aos estrangeiros] a compra no Brasil”, afirmou Nei Chaves, da Focus Corretora de Mercadorias, de Primavera do Leste (MT). Desde junho, quando as primeiras vendas futuras de soja começaram, o dólar já subiu quase 25% ante o real, conforme o Valor Data. No mesmo intervalo, os preços da commodity em Chicago recuaram 13%, apesar da recente recuperação observada nos preços.
Nesse contexto, a saca de 60 quilos para entrega entre fevereiro e março de 2016 está sendo negociada em Primavera do Leste a R$ 68, ou US$ 17. Em todo o Estado, o preço médio da soja disponível (colhida no ciclo 2014/15) atingiu R$ 66,09 por saca em setembro, enquanto o do grão semeado em 2015/16 chegou a R$ 62,36. São os maiores valores praticados para as respectivas temporadas, segundo o Imea.
Chaves lembra que os demais fundamentos continuam ruins para os preços da soja no mercado interno, especialmente em razão da oferta abundante que inundará o mercado em breve. Maior produtor mundial, os EUA estão colhendo uma safra que deverá superar as 105 milhões de toneladas, prevê o Departamento de Agricultura do país (USDA). No Brasil, a perspectiva da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é que o volume ultrapasse 100 milhões de toneladas pela primeira vez.
Segundo o Imea, as negociações da soja no país poderiam ter avançado mais, não fosse a expectativa de novas altas do dólar, que deixariam os preços domésticos ainda mais atraentes. “Uma estratégia arriscada, diante de preços aquecidos atualmente, porém, podendo trazer novas oportunidades de vendas”, diz boletim do instituto.
O adiantamento das vendas de milho em Mato Grosso é proporcionalmente até mais expressivo que o da soja. Também sob o impulso do dólar, os produtores já venderam 44,77% da safrinha de 2015/16, que será colhida apenas no segundo trimestre do ano que vem. Há um ano, não havia negociações da safrinha futura. Da temporada 2014/15, cuja colheita já terminou, 90,31% da produção está comprometida, também à frente dos 70,60% do mesmo período do ano passado.
As negociações de milho nas últimas semanas esfriaram em função de questões logísticas, explicou Chaves. “Houve reajuste no diesel, aumento da cobrança de pedágio na BR-163 e tudo isso encareceu o frete. Assim, muitas empresas seguraram os negócios para dar vazão ao que já tinham contratado”. Mas, segundo o corretor, o ritmo de vendas já está sendo retomado. Em Primavera do Leste, há negócios saindo na casa dos R$ 20 a saca de 60 quilos.
Fonte.: Avisite