Pronto! Agora é o fim. PMDB oficializa rompimento com o Governo

29/03/2016 15:38

PMDB oficializa rompimento com governo Dilma. Reunião do diretório nacional confirmou os piores temores da presidente Dilma Rousseff.

O PMDB, maior partido do país, confirmou nesta terça o rompimento com o governo da presidente Dilma Rousseff. Com isso, deve entregar os cargos que ocupa na máquina federal. Até aqui, o PMDB era a principal legenda da base aliada e detinha sete ministérios, além de a vice-presidência da República, com Michel Temer.

A decisão foi tomada por aclamação, ou seja, sem votação individual, pelo diretório nacional do partido, com a presença de mais de 100 delegados. A reunião foi coordenada pelo senador Romero Jucá, vice-presidente do partido, e durou cerca de cinco minutos. No evento, Jucá colocou em votação a monção número 1, apresentada pelo diretório da Bahia, e que passou a representar todas as 11 monções que pediam o mesmo. A monção exigia a saída imediata do governo e a entrega dos cargos.  “Estamos participando de um momento histórico do partido”, afirmou Jucá, ao abrir os trabalhos.

Temer, que o comanda, decidiu não participar do encontro, com o objetivo de não jogar ainda mais lenha na fogueira do impeachment de Dilma. Apesar disso, o encontro se transformou praticamente em um ato pelo impeachment de Dilma. Aos gritos de “Fora PT” e “Brasil pra Frente, Temer presidente”, os delegados do PMDB interromperam por duas vezes a fala de Jucá.

Isto porque o desembarque do PMDB praticamente sela o destino da petista, cujo pedido de impedimento é analisado, neste momento, por uma comissão especial da Câmara. Dilma insistiu, até o último instante, para manter os peemedebistas na base, mas sua incapacidade de negociar, confirmada no primeiro mandato e reforçada no último ano, o avanço da Lava Jato, a queda livre de sua popularidade e a recessão econômica pesaram contra a presidente.

O rompimento do PMDB já era ensaiado desde o segundo semestre do ano passado. A convenção nacional do partido, originalmente marcada para novembro, foi adiada para o início de março, com o objetivo de costurar uma trégua entre peemedebistas e o Planalto.

Da boca pra fora

Desde então, contudo, o clima só piorou entre Dilma e o partido que lhe dava sustentação. O vice-presidente Temer chegou a lhe enviar uma carta de desabafo, que foi vazada à imprensa, na qual reclamava do tratamento recebido por ele e seus correligionários. Dilma esboçou uma reaproximação e chegou a declarar que, a partir daquele momento, ela e Temer teriam as melhores das relações.

Não foi o que se viu. Cada vez mais peemedebistas passaram a exigir a saída do governo. Seu último defensor era o presidente do Senado, Renan Calheiros. Ao mesmo tempo, Temer passou a ser considerado, cada vez mais, por petistas e pelo núcleo duro do governo como o líder da conspiração para tirar Dilma do poder.

A última esperança da presidente para selar a paz com o partido era a nomeação de seu mentor, Luiz Inácio Lula da Silva, para a Casa Civil. Reconhecimento por sua habilidade política até mesmo por seus adversários, Lula teria a missão de reconstruir as pontes com o partido de Temer, mas foi abatido pela Lava Jato. A divulgação de conversas grampeadas com autorização judicial queimou qualquer possibilidade de diálogo entre o ex-presidente e os irritados peemedebistas.

O PMDB, como sempre, até sinalizou a possibilidade de um armistício, ao adiar a decisão de romper ou não com o governo. A moção deveria ser votada na convenção nacional, no início deste mês, mas foi jogada para a cúpula do partido no encontro desta terça. De prático, o PMDB havia proibido qualquer filiado de assumir cargos públicos nesse meio tempo.

Cutucando onça

Por isso, a insistência do Planalto em nomear Mauro Lopes para Secretaria da Aviação Civil foi tomada como uma provocação injustificável. A gota d’água, porém, foi a demissão de Antônio Henrique Carvalho Pires da presidência da Funasa (Fundação Nacional de Saúde). Pires é aliado de Temer, e a demissão foi interpretada pelo PMDB como uma retaliação de Dilma aos movimentos de seu vice.

Foi o bastante para Temer cancelar uma viagem a Portugal, marcada para esta semana, e permanecer no Brasil, a fim de assumir as articulações para que sua legenda saia do governo. A decisão teria, inclusive, sido comunicada a Lula por Temer, em uma conversa neste fim de semana.

Ontem, a retirada foi simbolicamente iniciada pelo pedido de demissão de Henrique Eduardo Alves do ministério do Turismo. Na carta a Dilma, Alves afirma que o diálogo “se exauriu” e diz que é hora de apoiar o PMDB na escolha de novos caminhos “sob a presidência” de Temer.

 

Da Redação com informações de Márcio Juliboni