15/06/2016 00:08
O governo provisório do Brasil é criticado por procurar enfraquecer a cooperação no seio do grupo Brics, que reune o Brasil, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul
Em texto publicado no dia 13 de junho na edição em inglês da agência Xinhua – a empresa estatal de notícias da China – o atual governo provisório do Brasil é criticado por procurar enfraquecer a cooperação no seio do grupo Brics, que reune o Brasil, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul.
Análise na Xinhua sobre mudança de rumo em relação ao Brics por governo provisório
“O presidente interino, Michel Temer, se aproveitou para alterar a estratégia diplomática do país e deixar de priorizar as relações com os Brics” diz o texto da agência.
“Desde a criação do Bric em 2009 (antes da adesão da África do Sul, em 2010), o Brasil sempre priorizou as relações com os membros do bloco, no âmbito da cooperação Sul-Sul, uma escolha que o governo interino parece não ter intenção de manter. O novo ministro das relações exteriores do Brasil, José Serra, anunciou, logo após o estabelecimento do governo interino, que os focos principais da ‘nova política externa’ brasileira são, dentro da América Latina, a Argentina e o México, e fora dela, os Estados Unidos e a União Europeia. No caso dos Brics, Serra se limitou a dizer que o Brasil vai se esforçar para aproveitar as ‘oportunidades’ que o bloco oferece, mas sempre tendo o comércio e os investimentos mútuos”, diz parte do artigo.
Zhou Zhiwei, diretor-executivo do Centro de Pesquisa do Brasil, uma unidade da Academia Chinesa de Estudos Sociais, disse que não importa qual será o resultado final da crise no Brasil, mas que isso levará a um recuo na política externa do país e afetará a dedicação ao mecanismo do Brics em um curto prazo.
“Temer tentará fortalecer a relação com os Estados Unidos e Europa a fim de que eles reconheçam a legitimidade do governo interino, e, para tanto, será forçado a manter distância dos membros do Brics para evitar desagradar Washington”, disse Zhiwei.
O termo Bric nasceu das palavras do economista Jim O’Neill em 2001, quando ele chefiava a agência Goldman Sachs, se referindo ao grupo de quatro economias emergentes com crescimento significativo: Brasil, Rússia, Índia e China.
Em 2006, o Goldman criou o Fundo Bric, que gerou grandes lucros para seus investidores nos primeiros anos. Entretanto, com fortes declínios nos preços das commodities a partir de, os países do Brics experimentaram uma diminuição no ritmo de crescimento. Brasil e Rússia, por exemplo, registraram crescimento negativo. Em 2015 o Goldman Sachs resolveu extinguir o Fundo Brics.
Zhou sustenta um ponto de vista diferente. “O ambiente externo desfavorável pode ser um incentivo aos membros do bloco para fortalecer a cooperação entre eles”, afirma.
“A energia fundamental do Brics, como o mercado e a população massiva, não será diminuída com ciclos ruins momentâneos de alguns de seus membros. Eles ainda terão protagonismo em um desenvolvimento econômico futuro”, afirma.
“Desde a criação do Encontro do Brics, o bloco deixou de ser apenas um conceito econômico. É uma plataforma para as economias emergentes poderem exercer influência na arena econômica global”, segundo opina Shen Yi, diretor do Centro de Estudos do Brics na Universidade Fudan.
Para Zhou, é importante evitar que mudanças políticas ameacem o curso da cooperação entre essas economias. “Em seguida à suspensão do mandato da presidenta Dilma Rousseff, é possível que o Brasil volte atrás em sua política externa. Os países que compõem o bloco devem fortalecer seus laços econômicos e otimizar os mecanismos criados para isso – como o Novo Banco de Desenvolvimento, criado entre as cinco nações – no sentido de evitar que mudanças políticas afetem a cooperação registrada entre as nações.
Da Redação com informações da Agência Reuters