Editorial – A Rumo vem para Cuiabá, ok! Em que rumo?

23/09/2021 08:11

Projeto com recursos 100% privados
Governo garante risco zero de um novo ”VLT”
Previsão dos trilhos chegarem em Cuiabá é em 2025
Nem AEDIC nem SINFRA-MT sabem onde será terminal

Malha rodoviária das BRs 163/364, Distrito Industrial de Cuiabá, recém duplicada em concreto pelo DNIT. Foto: Edson Rodrigues-DNIT

A empresa foi contratada. O projeto foi assinado. A expectativa foi gerada.  O marco histórico está definido. Quase todas as prévias teóricas e burocráticas executas. Mas, na visão de muitos, o ato mais simplista e que simboliza o início do todo, ainda não foi, incrivelmente, definido: Onde os trilhos da Rumo S/A passarão em Cuiabá? Pasmem: Nenhuma secretaria, diretor, adjunto, coordenadores, arquitetos, engenheiros ou autoridades sabem informar. Ninguém sabe!

O governador Mauro Mendes (DEM) saiu em defesa das críticas de uns e indiferença de outros para com o projeto logístico, quando no mínimo questionavam sobre as chances de um novo ”elefante branco”, (a diferença seria o tamanho) pairar sob, dessa vez, não mais apenas Cuiabá: “Há uma diferença gigantesca. Primeiro é que 100% do recurso é privado. Segundo que a empresa tem todo interesse em fazer. Não há interferência, não há dinheiro público, nada”, afirmou Mendes. E disse mais: ”Ela tem que cumprir o contrato. Se não fizer, vai pagar uma multa gigantesca”.

Com esse alívio momentâneo aos críticos de plantão, parece ainda não ser o suficiente para acalmar os ânimos dos cuiabanos ”gatos escaldados” de promessas não cumpridas como a histórica e mais amarga delas: o Veículo Leve Sob Trilhos, vulgo VLT, que ”extirpou” os canteiros arborizados da capital e da vizinha Várzea Grande, deixando uma cicatriz urbana sem precedentes. O literalmente resto dessa história, todo mundo já sabe.

Mas, o que se percebe nas fontes dos bastidores, ora da feira, ora no saudoso senadinho da Cândido Mariano; ora nas Secretarias, ora nas rodas matinais da padaria, é o incômodo da cuiabania sobre o local onde será instalado o terminal ferroviário:

”Olha, vem cá! Que rrrumo vai sê o tal terminal do trem?”

”Poisé! Ninguém sabe! Só sei que é a Rumo que vai fazê!”

Trocadilhos à parte, o fato é que procede o ”ninguém sabe”. Nem AEDIC (Associação dos Empresários do Distrito Industrial de Cuiabá), nem a SINFRA-MT (Secretaria de Infraestrutura de Mato Grosso), muito menos a Secretaria de Obras de Cuiabá.

Ventilou-se nos corredores de uma Secretaria, da boca de mais um, entre os milhares de curiosos, que a área cogitada para futura instalação, seria nas proximidades do Distrito Industrial, às margens da BR-070, mais conhecida como Rodovia dos Imigrantes, com proximidade a BR-364, que liga à avenida Fernando Corrêa da Costa. Um local, caso se concretize, muito a se estranhar e questionar, pela proximidade do perímetro urbano da capital.

O Senador Wellington Fagundes (PL) fez, dias atrás, um comentário no mínimo sensato quanto ao ponto de vista urbano, com a possível chegada dos trilhos à Cuiabá: ”O terminal rodoviário deve ser instalado à uma distancia significativa do perímetro urbano, para não comprometer a logística e a mobilidade futura”.

Terminal ferroviário de Rondonópolis, CIR (Complexo Intermodal de Roo): localizado a 25 km da cidade, pela BR-163, sentido a Mato Grosso do Sul. Foto: divulgação

A pontuação do senador é correta e extremamente importante para análise da empresa contratada em detrimento dos interesses urbanos futuros da capital. O prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) deve se manifestar urgentemente para com tal sugestão que já tomam ares dos corredores com lobistas.

O então terminal ferroviário de Cuiabá é esperado que seja concretizado na região do Distrito, naturalmente. As poucas indústrias de Cuiabá estão naquele ‘quarteirão’.

Ocorre que, não seria nem um pouco inteligente trazer um terminal ferroviário para dentro da cidade. Isso seria de uma insanidade, total e absoluta falta de visão logística e futurista diante do cenário que se avizinha com grandes oportunidades e promessas de desenvolvimento naquela região.

O então terminal ferroviário, deve-se adentrar aos fundos do Distrito Industrial de Cuiabá, desbravar (desapropriar) áreas rurais inóspitas e improdutivas, para impulsionar o desenvolvimento do inexpressivo parque industrial da cidade. Evitando assim, futuras aglomerações de estruturas improvisadas, nada modernas e sendo assim, ineficientes para atender o que estar por vir.

O local que estaria sendo ‘sondado’ pelo Governo do Estado, (Imigrantes, próximo a BR-364 Fernando Corrêa) está a menos de 1.000m de condomínios residenciais e avenidas de grande circulação de veículos leves (moradores da região). O quadro da qualidade de vida da população dos arredores será afetado negativamente de forma unilateral. É preciso que o estudo de impacto seja feito em conjunto com a Prefeitura de Cuiabá. O gestor municipal não pode assistir passivamente a esse possível disparate urbanístico.

Terminal ferroviário de Roo: localidade necessita ser isolada do centro urbano, com facilidade a malhas rodoviárias de transporte de cargas. Foto: divulgação

A Prefeitura de Cuiabá tem o dever de agir em prol do desenvolvimento futuro da capital, impedindo que regiões residenciais, sejam tomadas pelos trilhos do desenvolvimento, tornando o sonho de muitos em um pesadelo real.

Áreas para serem exploradas, podendo alavancar o potencial imobiliário residencial e industrial, não faltam. Até onde se nota, está faltando diálogo do Município com o Estado para um pensamento único em prol do futuro de Cuiabá e suas próximas gerações.

Tags: