Nós precisamos ter a convicção de que o poder pertence ao povo cuiabano e aquele que escolheu Cuiabá para morar, para não perdemos a esperança na renovação política dessa cidade, escreve Gisela Simona
08/04/2022 05:47
”Em andanças, encontrei povo que sabe ser ou tenta ser feliz”
Nesses 303 anos de Cuiabá me traz à lembrança a experiência ímpar que tive em 2020 ao participar de uma eleição majoritária com o objetivo de representar Cuiabá.
Afinal, antes dessa oportunidade se concretizar sai em campo para entender na prática o tamanho do desafio e foram dezenas de reuniões em mais de 70 bairros de Cuiabá, conversando com as pessoas e tendo a constatação daquilo que os números já mostravam: falta saúde de verdade, o transporte público é ineficiente, a mobilidade urbana é precária e sem planejamento, a educação ainda não é humanista; falta uma política pública de valorização da mulher e um incentivo real para a cultura, o turismo, esporte e lazer na Capital do Pantanal, dentre outros.
Foi andando pelas ruas da nossa cidade e ouvindo as pessoas que certifiquei que em muitos espaços prevalece a má política, a politicagem, a improvisação da administração e o jogo de interesses patrimonialistas de alguns poucos favorecidos com a má gestão e a corrupção do erário.
Uma cidade de quase 700 mil habitantes que, em pleno século XXI, não utiliza instrumentos racionais de planejamento faz com que muitos bairros não tenham nenhuma perspectiva de crescimento.
Por outro lado, foi nessas mesmas andanças que encontrei um povo que sabe ser ou pelo menos tenta ser feliz. Um povo que valoriza a família, os amigos e gosta de uma boa prosa, principalmente se for no quintal com café passado na hora. Um povo que tem pouco para viver, mas acredita que fazendo a sua parte tudo pode mudar e ser melhor.
Encontrei homens e mulheres, brancos, negros e índios, pessoas de todos os cantos do país que vivem aqui e escolheram essa terra para amar. Que acordam bem cedinho, fazem sua oração e vão trabalhar, uns para conseguir a comida do dia e outros para conseguir a comida do mês, mas todos com a mesma energia de vencer.
Ter inspiração nessa gente foi o suficiente para ter a coragem e a esperança de que juntos seria possível começar uma nova história para Cuiabá.
Afinal, foi com essa força que participei e superei cada debate, cada arrastão, cada entrevista, cada ofensa e desafio de estar enfrentando as duas grandes máquinas no processo eleitoral: o candidato do Governador com a máquina do Estado e o candidato à reeleição com a máquina da Prefeitura.
Além de ter um coração cuiabano eu tinha a garra daqueles que não desistiram de acreditar em Cuiabá, eu tinha comigo a verdade de um povo e a esperança de que o poder não tem dono, nem proprietário, sequer herança que se passa de pai para filho ou de marido para esposa. Gente que até hoje me encontra nas ruas e diz: não podemos desistir.
Nós precisamos ter a convicção de que o poder pertence ao povo cuiabano e aquele que escolheu Cuiabá para morar, para não perdemos a esperança na renovação política dessa cidade. Renovação essa necessária para fazer uma política que melhore a vida das pessoas.
Essa nova história ainda não começou, mas o dia a dia mostra que ela vai chegar e que a nossa comemoração pelos 303 anos de Cuiabá será marcada por conquistas reais e que nosso povo merece.
Por Gisela Simona é advogada e servidora pública e foi candidata a prefeita de Cuiabá em 2020.