Por Guilherme Fiuza
21/04/2022 05:59
Se as reservas morais sumiram, onde estão os titulares?
– Se todas as outras formas de organização das sociedades são piores do que a democracia, por que tantos pronunciam seu nome em vão?
– É possível a conexão instantânea do mundo inteiro ter tornado as pessoas mais distantes?
– A aldeia global é um paradoxo?
– A humanidade está viciada em vigiar?
– Estamos num novo moralismo vitoriano com fachada moderninha?
– Se ética vira cosmética estamos condenados à demagogia cósmica?
– Ou não é nada disso?
– Repetir é o novo pensar?
– Falar é o novo ser?
– Ser ou não ser?
– Postar ou não postar, eis a questão?
– Wait a minute mister postman.
– Stop.
– Não seja o próximo moralista degolado pelo moralismo.
– Ou seja, se você quiser.
– Seja o que quiser.
– Antes de vigiar outro ser, seja.
– Ou, se preferir, não seja.
– Ser e não ser.
– Fale baixo.
– Não contenha seu grito.
– Não siga essas instruções.
– Ou siga.
– Pare/siga.
– Stop.
– Wait a minute mister postman.
– Não poste agora.
– Poste.
– Biden.
– Banana is beautiful.
– Banana is business.
– Banana is not apple.
– Apple is not Elon.
– Elon salva?
– Elon voa?
– Se as reservas morais sumiram, vamos de reservas cambiais?
– O resgate da civilização virá pelo dólar?
– Ou melhor: pelo bilhão de dólar?
– No império da grana, só a grana liberta?
– Pensa nisso.
– Ou aproveita para não pensar.
– Pensar demais atrapalha.
– Pensar de menos também.
– Qual é a medida certa?
– Deve ter algum curso por aí explicando.
– Não faça esse curso.
– Ou faça.
– Se pensar demais, não faça.
– Se pensar de menos, também não.
– Se pensar na medida certa, faça.
– Ou melhor: não faça.
– Se você achou a medida certa não precisa do curso.
– Pensar é de graça.
– Respirar também.
– Será?
– Na dúvida, dá uma checada no seu iPhone.
– Larga esse iPhone.
– Tira o olho da telinha e olha pra quem estiver mais próximo.
– Não gostou?
– Volta pro iPhone.
– A vida é sua.
– Sua e dos nerds que te dizem o que fazer.
– Te dizem o que dizer.
– Te dizem o que postar.
– Mentira, não dizem nada.
– Quem decide é você.
– Você é livre.
– Ou quase.
– Quanto você é livre?
– Tem um curso aí que te explica isso.
– Não faça esse curso.
– E se for de graça?
– Também não.
– E se pagarem pra quem faz o curso?
– Aí o esquema chegou à perfeição.
– Esquema completo.
– Você tá dentro.
– Não leva a sério esse texto trôpego.
– Ou leva.
– Mas não muito.
– Enfim, você que sabe.
– A vida é sua.
– Não é?
– Tem um curso aí que…
Por Guilherme Fiuza, jornalista e escritor com mais de 200 mil livros vendidos – entre eles: “Meu nome não é Johnny”, “3.000 dias no bunker” (ambos adaptados para o cinema), “O Império do Oprimido” e “Manual do Covarde”, Guilherme Fiuza trabalha para veículos como Jovem Pan, Gazeta do Povo e Revista Oeste. Seus canais no YouTube, Twitter e Instagram somam mais de 1 milhão de seguidores. Seu sonho é parar de falar de política – assim que a política permitir.