Ainda que o cenário internacional tenha apresentado entraves econômicos, em decorrência de conflitos bélicos, e além das dúvidas internas após a mudança de governo. Escreve Maurício Wildner da Cunha.
24/02/2023 09:54
“O mercado imobiliário e a construção civil mostram-se fortes e inovadores no cenário econômico”
Pensar em um investimento seguro: essa é uma questão que, principalmente no começo de cada ano, permeia o planejamento de muitos brasileiros. Com isso, os imóveis têm garantido bons retornos financeiros e estabilidade, por ser um tipo de investimento bastante conhecido, procurado e uma alternativa satisfatória aos brasileiros. São vários os indicadores na economia que vêm mostrando um cenário favorável, ainda que a Taxa Selic – os juros básicos da economia –, tenha apresentado alta desde o segundo semestre de 2021.
A valorização dos imóveis no Brasil é um dos principais aspectos que pesam a favor. Prova disso é o que revela o Índice Geral do Mercado Imobiliário (IGMI-R/ABECIP), que está relacionado à rentabilidade dos imóveis, e que teve, em novembro de 2022, alta de 1,73% em relação a outubro do mesmo ano. No acumulado dos últimos 12 meses (até outubro de 2021), a variação é ainda mais favorável: 15,28%. Para se ter uma ideia, até o mês de novembro do ano passado, também no acumulado de 12 meses, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o principal termômetro utilizado pelo governo federal para analisar o aumento nos preços, teve alta de 5,90%. Essa distância para o IGMI-R é um sinal claro de como os imóveis estão cada vez mais valorizados no mercado. Por isso, adquirir um apartamento, por exemplo, é sinônimo de que, em alguns anos, seu valor estará bem acima do que na época da compra.
Outro ponto em questão é a alta no preço do aluguel, que foi de 16,55% em 2022, maior valor em 11 anos, de acordo com o índice FipeZap+. A porcentagem é praticamente três vezes maior que o valor do IPCA. Em algumas capitais do país, a inflação do aluguel ficou bem acima da média. As campeãs foram Goiânia (32,93%), Florianópolis (30,56%), Curitiba (24,47%), Fortaleza (21,33%) e Belo Horizonte (20,01%). Fora das capitais, o índice que mais chama atenção é o da cidade de São José (SC), com aumento de 42,41% nos preços dos aluguéis. São indicadores que mostram que esse tipo de despesa compromete o orçamento das famílias, ao contrário do investimento no imóvel próprio, que garante rentabilidade.
A projeção da Selic é outra questão que pode animar quem pretende investir em imóveis no ano que se inicia. O Boletim Focus do Banco Central, divulgado no final de 2022, espera que os juros devam cair até o final de 2023, dos atuais 13,75% para 11,75%. É uma expectativa positiva de diminuição, ainda que tímida, da taxa básica de juros da economia, após um ano e meio de altas. Isso pode melhorar a perspectiva de financiamento de imóveis para o ano de 2023, tendo em vista que a Selic influencia diretamente nesta questão.
Com tudo isso, o mercado imobiliário tem se mostrado aquecido no país, revelando que a construção civil tem sido resiliente quanto ao aumento da taxa de juros, assim como os demais fatores favorecem o investimento no setor. Dados da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), apontam que foram comercializadas 133.891 unidades entre os meses de janeiro e outubro de 2022, aumento de 11,9% em relação ao mesmo período do ano de 2021. A alta é ainda mais expressiva no segmento de médio e alto padrão (MAP), que cresceu 81% no mesmo comparativo, com 38.943 unidades de imóveis comercializados.
Percebemos que esse conjunto de fatores reforça que os imóveis seguem, na sociedade brasileira, como um bem precioso para investimento. Ao mesmo tempo, as exigências dos clientes estão cada vez maiores, o que faz com que a construção civil venha se adaptando para atender ao público. Consequências disso são as qualidades construtivas dos novos imóveis, em especial no mercado de médio e alto padrão. Características como automatização via wi-fi em cortinas, persianas, esquadrias e iluminação; revestimento em porcelanato; estrutura em open space, para integração dos ambientes; pé direito alto, para valorizar a circulação de ar; e otimização energética, com prioridade para iluminação natural, estão entre os pontos que são prioridades para as empresas ganharem a preferência dos consumidores.
Ainda que o cenário internacional tenha apresentado entraves econômicos, em decorrência de conflitos bélicos, e além das dúvidas internas após a mudança de governo, o mercado imobiliário e a construção civil mostram-se fortes e inovadores no cenário econômico para que 2023 permaneça com boas perspectivas para quem deseja investir em imóveis.
Por Maurício Wildner da Cunha é engenheiro civil da Construtora Andrade Ribeiro.