Quando vejo economistas afirmarem que número de filhos é a maior causa da pobreza no Brasil, estão obviamente usando métricas econômicas e não métricas humanas. Escreve Stephen Kanitz.
03/03/2023 05:38
“Qual família tem a maior chance de ter um filho ou neto presidente?”
Vocês não estão sendo politicamente corretos, e pior, estão julgando-os sob os valores culturais que você endossa, que não são os deles.
Até acho que vocês que chamam pobres de “pobres” é que estão errados, e eles estão certos.
Inclusive eles acham que vocês é que são pobres, pois deixarão uma pequeno legado, que são vocês que irão desaparecer, e não eles.
O que vocês chamam de “pobres” são justamente aqueles que decidiram acumular vida, e não dinheiro.
São aqueles que investiram em filhos, e não em títulos do governo.
Em 1950 o nordestino médio tinha 8 filhos por casal.
Filho custa dinheiro para sustentar, mas eles sustentaram.
Graças a essa decisão, um casal nordestino hoje tem 64 netos.
Um casal paulista hoje tem 4.
Quem é mais rico? O Nordeste ou São Paulo?
Vocês venderiam um neto por 100.000?
Não, portanto quem é de fato mais rico?
E tem outra. Qual família tem a maior chance de ter um filho ou neto presidente?
Pois é.
Quando vejo economistas afirmarem que número de filhos é a maior causa da pobreza no Brasil, estão obviamente usando métricas econômicas e não métricas humanas.
Digo mais, as avós nordestinas não estão se remoendo sobre o significado da vida e como ser bem sucedida no trabalho.
Ter 64 descendentes é motivo de orgulho, mesmo nunca tendo trabalhado numa multinacional.
Então, vocês de esquerda e direita parem de chamar os pobres de “pobres”, que é um claro preconceito de quem valoriza bens materiais mais do que filhos.
Nada a ver com a opressão e vitimismo que intelectuais preconceituosos atribuem por aí.
Por Stephen Kanitz, é um consultor de empresas e conferencista brasileiro, mestre em Administração de Empresas da Harvard Business School e bacharel em Contabilidade pela Universidade de São Paulo.