MT continua crescendo sua produção no campo. E, em tese, não precisaria aumentar o desmatamento. Que, mostram os mais otimistas, as terras degradadas e de pastagens são suficientes para o futuro. Escreve Alfredo da Mota Menezes.
04/05/2023 05:27
“Ferrovia seria a alternativa maior para problema de transporte”
Divulgação/reprodução.
Apareceu matéria recente no jornal El Clarin, um dos maiores da Argentina, sobre a produção de soja em Mato Grosso. Mostrando aquilo que se comenta hoje no Brasil de que, se MT fosse um pais, estaria em terceiro lugar na produção de soja no mundo.
Mostra a matéria o quanto a Argentina produz de soja por ano (um pouco menor em 2023 por causa da seca) e coloca os números da produção de MT também.
A matéria é positiva pelo que ocorreu e ocorre aqui na produção dessa leguminosa. Mas dá uma cutucada sobre o desmatamento no estado. Que isso poderia trazer consequências até mesmo na quantidade de chuva para a região.
Na verdade os números da produção em MT impressionam. Terras, correção, adubagem, ciência, chuva adequada faz do estado um forte concorrente na produção no campo. Até a Argentina, que não é de fazer muita concessão às coisas do Brasil, fez referência interessante.
Será que essa crescente produção poderia ser afetada por causa da logística de transporte? Tem gente do setor do agro que aventa a hipótese de que, se não vier alternativas de transporte melhores e mais rápidas, poderia haver algum tipo de estrangulamento em algum ponto lá na frente.
Já pensou num fato desses? De que se teria que diminuir a produção porque o sistema de transporte não daria conta do recado. Se ocorresse, talvez fosse caso único no mundo.
A verdade é que deveria aumentar ainda mais a correria para tentar minorar esse real problema para o futuro econômico do estado.
Tem movimentação em andamento como a retomada pelo estado do controle da rodovia 163. Deve ter investimentos do governo estadual para fazer duplicação na rodovia.
Duplicação que deveria ter sido feita, até 2019, pela concessionaria da rodovia.
A concessionaria ficou um tempão ganhando dinheiro, não fez aquilo que estava no contrato. O estado retomar a rodovia é até melhor do que fazer nova concessão.
Demoraria muito para outra concessionaria fazer essa duplicação. E, pelo que ocorre com concessões, quem garantiria que ela cumpriria o que deveria ter cumprido? A outra saiu de fininho sem nenhuma punição.
Ferrovia seria a alternativa maior para esse problema de transporte. A Rumo Logística está caminhando para Lucas do Rio Verde. O problema é a demora em fazer essa ferrovia chegar ao Nortão. Nem se fala na Ferrogrão. Essa, se sair, mais a Rumo Logística, teria praticamente solucionado o problema de transporte do estado.
Já pensou, MT com duas ferrovias? Uma levando bens para o norte do país e outra para o litoral em Santos? Ou será que a Rumo sobe também para o norte? Mataria a Ferrogrão?
Enquanto isso, MT continua crescendo sua produção no campo. E, em tese, não precisaria aumentar o desmatamento. Que, mostram os mais otimistas, as terras degradadas e de pastagens são suficientes para o futuro.
Com suporte na ciência, a produção continuará em crescimento por muito tempo ainda. A logística de transporte poderia atrapalhar isso?
Por Alfredo da Mota Menezes é analista político.