Um deles pode ser aproveitar o que está acontecendo no Brasil. Na mídia internacional, tem-se dito que o desastre no Rio Grande do Sul é a ação do homem sobre o meio ambiente. Escreve Daniel Lopez.
16/05/2024 14:37
“Será que Joe Biden irá tentar usar esse “coringa climático” como último recurso para salvar sua candidatura?”
A situação está tão estranha para Joe Biden que até mesmo o apresentador da CNN americana Fareed Zakaria está acreditando que o presidente não conseguirá um segundo mandato. Num programa recente, o jornalista levantou uma série de argumentos a favor da ideia de que Donald Trump possui chances reais de retornar à Casa Branca no ano que vem. O ex-presidente está vencendo em todos os “swing states” (os estados decisivos). Neste ponto, Zakaria disse que quem está preocupado com a volta de Trump precisa “encarar a realidade”.
Ele explicou outro detalhe: geralmente as pesquisas tendem a preterir um pouco Trump, uma vez que ele possui muitos “apoiadores tímidos”, que ficam com vergonha em apoiá-lo nas pesquisas, mas que o escolhem privadamente. Biden teria uma vantagem de dois anos de recuperação econômica e o menor nível de emprego dos últimos 54 anos. Mas o problema é que essas vantagens não são interpretadas como méritos do atual presidente. Ao mesmo tempo, Trump está 22 pontos à frente de Biden quando a pergunta é “quem seria mais qualificado para lidar com a economia”. Talvez porque os problemas causados pela inflação tenham mais impacto na opinião pública do que as conquistas econômicas.
Outro ponto problemático para Biden é que, segundo Zakaria, seus apoiadores estão divididos quanto à situação de Gaza. Eles criticam o atual presidente por motivos inversos. Metade acredita que ele está sendo muito brando com Israel, enquanto outros acham que está sendo duro demais. Por outro lado, parece haver uma unanimidade dos republicanos em seu apoio a Trump. E os inúmeros processos que foram levantados contra o ex-presidente o estão tornando uma espécie de “vítima de perseguição política” aos olhos de seus apoiadores. Neste ponto, o própria Zakaria opina que considera injustas as acusações feitas contra Trump. Sem mencionar o fato de que outros candidatos – como Robert F. Kennedy Jr. – parecem estar tirando votos de Biden.
Zakaria termina sua reflexão preocupado com o fato de que, em 2020, quando venceu a corrida, Biden estava 9 pontos à frente de Trump. Agora, porém, o ex-presidente lidera com 16 pontos. No final das contas, trata-se de uma “virada” de 25 pontos. Para o apresentador da CNN, “há muito pouco que Biden possa fazer para mudar essa percepção”. Eu, porém, creio que ele está buscando alguns caminhos para tentar esse milagre.
Um deles pode ser aproveitar o que está acontecendo no Brasil a seu favor. Na mídia internacional, tem-se dito que a maior causa para o desastre no Rio Grande do Sul é a ação do homem sobre o meio ambiente. Isso tem levado a uma espécie de “campanha de conscientização climática” global. E é exatamente neste ponto que Biden poderia encontrar sua vantagem. A solução seria decretar uma emergência climática, acompanhada de um possível lockdown climático.
Ano passado, em agosto, ele declarou erroneamente que já havia decretado uma emergência climática. Porém, uma matéria recente da Bloomberg mostrou que Biden voltou com essa ideia de decretar um lockdown climático. A decisão poderia dar a Biden uma série de vantagens nesse final da corrida para a Casa Branca, como reduzir o preço da gasolina, por meio de uma queda da demanda por combustível, uma vez que as pessoas, em tese, não sairiam de casa; decretar uma interrupção das exportações norte-americanas de petróleo, o que também ajudaria a reduzir o preço da gasolina; agradar boa parte de seus apoiadores, que são defensores das causas ambientais; conquistar poderes excepcionais que poderiam lhe conceder grandes vantagens no final da corrida deste ano.
Será que Joe Biden irá tentar usar esse “coringa climático” como último recurso para salvar sua candidatura? Eu creio que sim. E você? Deixe sua opinião nos comentários.
Por Daniel Lopez é jornalista, formado pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É doutor em Linguística (UFF), mestre em Linguística (UERJ), bacharel em Teologia (UMESP) e licenciado em Letras. Tem especialização em Teoria da Arte, Crítica de Arte, Filosofia, Sociologia e Antropologia. Foi professor nas áreas de Filosofia da Educação, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e de Linguística, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). É pastor na Igreja Bola de Neve Sede, na cidade de São Paulo, desde 2014. É escritor, tradutor e professor universitário. Mantém o canal no YouTube “Daniel Lopez” e o site www.daniellopez.com.br.